O rapper cearense Don L lança o tão aguardado álbum "Roteiro pra Aïnouz, Vol.2"
Foto: Bel Gandolfo |
Em meados da década passada, Don L reunia dinheiro, forças e colecionava sonhos mirando sua vinda para São Paulo. Deixando Fortaleza, cidade que ajudou a colocar no cenário do rap nacional no começo dos anos 2000, o rapper chegava na capital paulista com todo seu talento, mirando construir um novo mundo dentro do gênero. O trajeto desta jornada é o pano de fundo para o lançamento desta sexta-feira (26), o aguardado e ambicioso Roteiro pra Aïnouz, Vol.2, que além de registrar os devaneios oníricos da estrada, funciona como um exercício de imaginação de novo passado, presente e futuro para o Brasil.
Com direção artística de André Maleronka (Rá!, RPA3 e Veterano) e produção executiva de Marina Deeh, o segundo volume de sua trilogia autobiográfica reversa é pura reflexão e proposição. Reflexão ao pensar um novo país, uma nova perspectiva de enxergar a relação colonial e algumas novas histórias possíveis para o Brasil. Uma saída ao imaginário popular e comum de que não há alternativa. Proposição ao trazer versões sonoras particulares, inovadoras e com sua assinatura para gêneros consagrados no cenário nacional.
Sonoramente, RPA2 é ambicioso em todos os sentidos. Enquanto seu trabalho anterior criava uma atmosfera densa e nublada, Roteiro pra Aïnouz, Vol.2 aposta em uma sonoridade cinematograficamente colorida e solar. Trabalhando ao lado de Nave (Emicida, Marcelo D2 e Luisa Sonza) e Luiz Café (que assina a mixagem), Don L encontrou na multiplicidade de vozes a base para seu novo álbum. Com muitos coros e sonoridades incidentais, o artista reinventa, a seu modo e com ineditismo, diversos estilos brasileiros urbanos para além do rap, do trap e do drill, imaginando novas texturas para o funk, o soul e a MPB. Para isto, o MC contou com as participações de Djonga, Tasha & Tracie, Rael, Daniel Ganjaman, Mahmundi, Giovani Cidreira, Alt Niss, Terra Preta, Mateus Fazeno Rock, Luiza de Alexandre, Fabriccio, Thiago França, Eddu Ferreira, 808 Luke, Willsbife, Deryck Cabrera, Donatinho e Guilherme Held.
A parte gráfica do disco é outro destaque. A capa, uma mistura de Chronic, os discos da Strata-East e Black Jazz, e álbuns de MPB brasileiros da década de 70, é fruto de uma colaboração que já acontece desde a mixtape Caro Vapor, com projeto gráfico assinado por Filipe Fillipo e fotos de Autumn Sonnichsen. Os visualizers foram dirigidos por Aisha Mbikila (Lady Bird), responsável pelos clipes de “kelefeeling” e “Na Batida da Procura Perfeita” e que já assinou trabalhos de nomes como Iza e Projota.
Confira:
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