MÚSICA ANGOLANA: O que anda tocando na terra do Rio Kwanza?

Angola, assim como Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor-Leste e Macau foram colônia de Portugal. Sendo assim o que nos une além de laços genéticos (falando em relação aos países africanos, já que Timor-Leste e Macau ficam na Asia), é a língua. 

Angola fica do lado da costa ocidental do continente africano, portanto é banhado pelo oceano atlântico, em linha reta da de frente com a costa nordestina do Brasil. Angola leva esse nome por conta do antigo Reino do Dongo, N’gola era um titulo em que os reis tinham. O termo tem raiz em outro termo de nome Ngolo que significa “Força” em quimbundo e em Quicongo, línguas dos povos Ambundos e Congos. 

A música e a dança é uma das manifestações mais populares de Angola. Luanda, a capital do pais, é o berço de ritmos como: Kuduro, Adoço (uma mistura de house com kuduro), Merengue (chega ao pais por influência cubana na época da guerra civil contra a colonização portuguesa), Kazukuta, Kilapanda e o Semba (Primo do Samba). 

Com a globalização, Angola além de consumir muito conteúdo português e estadunidense, eles consomem muita musica brasileira. Samba, Forró, o que nós em São Paulo conhecemos por Axé, Sertanejo, Calypso, Pagode e inclusive o rap brasileiro é muito escutado no país pelos fãs do gênero. Com isso, seja no vocabulário ou na música a influencia musical está presente na cultura urbana do país. 

Os artistas e músicas que vos apresento (olha a influência angolana na minha escrita...rsrs) abaixo, são artistas da música pop/popular, sãos artistas urbanos que tocam em rádios jovens e estão presentes nas plataformas de streaming fora de Angola. Vale apena eu ressaltar aqui, que o país além de ter plataformas digitais internas, por falta de suporte das plataformas que nós conhecemos ou falta de uma internet de qualidade, o país ainda consome muita música no Radio, CD e Mp3. O Spotify por exemplo só passou a operar oficialmente no país em fevereiro deste ano. Antes disso os artistas que quisessem por sua música nesta plataforma geralmente faziam via Portugal e os usuários usavam app de VPN para mudar o IP.

Após essa “introdução” que achamos necessária, abaixo você vai conhecer 4 artistas que acho interessante destacar e uma playlist que atualizamos praticamente todo dia com sons que ouvimos em rádios angolanas ou ouvimos via redes sociais.

EDMÁZIA MAYEMBE

Edmázia começou cedo pois vem de uma família musical, cantou na igreja, com 8 anos já fazia parte de um grupo junto com sua irmã mais velha Nádia Mayembe e João Bambila. Em 2011, com 21 anos lançou “Erro Bom”, seu primeiro álbum solo. “Vou Assumir” foi um mega sucesso, alguns artistas brasileiros regravaram essa música. O grupo Aviões do Forró, inclusive chamou a jovem cantora em 2015 para uma versão brasileira da música. Em 2016, ela lança “Água e Luz”, seu segundo álbum. “Alma Nua”, “Mario” e “Beijinho no Ombro” foram os singles de mais sucesso do álbum. Agora me 2021, a cantora já com 31 anos lançou o single “Segredo” que antecede seu próximo álbum.

 

PAULO FLORES

Paulo Flores é um dos cantores angolanos mais populares no país. Paulo Flores é conhecido como um exímio cantor de Semba e sua música majoritariamente é escrita em português, mas uma parte dela é escrita em Kimbundu. Apesar de passar boa parte de sua infância em Lisboa, Portugal, Paulo Flores nasceu em Luanda e sua música tem muito teor político, letras que retrataram a guerra civil, corrupção e a vida cotidiana e adversa do povo angolano. O cantor angolano tem uma vasta discografia (por volta de 17 álbuns), seu primeiro álbum foi “Kapuete Kamundanda” em 1988 e o último foi “Independência”, agora em 2021, que já lhe rendeu 3 sucessos: “Jeito Alegre de Chorar” e “Amanhã (11 de novembro) com participação do rapper Prodígio e do cantor Yuri da Cunha e a faixa “Esse País”.

DINO FERRAZ

O cantor e compositor, Dino Ferraz ganhou notoriedade em Angola, quando ganhou a 18° edição do Festival da Canção de Luanda interpretando lindamente a canção “Saber Amar”, de autoria de Totó e ganhou outras edições também. Dino Ferraz é autor de uma música chamada “Minha Amada”, que em muitas vezes é escolhida para tocar em casamentos e serenatas. O cantor angolano acompanhado boa parte do tempo por seu violão tem conquistado cada dia mais fãs e amantes da boa música, inclusive o grande kota (palavra que demonstra respeito por quem é mais velho) Paulo Flores já reconheceu seu grande talento. Agora em 2021, Dino Ferraz ultrapassou as fronteiras por conta de sua música “Careca Não”, onde ele canta sobre como mesmo em Angola, um país africano independente o eurocentrismo ainda comanda a sociedade e molda a estética do povo angolano. Seus fãs espera um álbum o mais breve possível.

PONGO

A Cantora angolana antes conhecida como Pongo Love, foi morar em Portugal com sua família em 1990. Seu pai rígido por morar um bairro só de brancos, não deixava suas filhas sair de casa. Pongo ainda não tinha esse vulgo, mas quando criança caiu do sétimo andar e ainda bem que ela só fraturou a perna. Durante o período em que fazia terapia ela descobriu um lugar onde imigrantes africanos de maioria angolana dançavam Kuduro e ao se enturmar, seus amigos a comparavam com a cantora congolesa M’Pongo Love, que tinha uma deficiência em uma das pernas. O apelido pegou e quando começou sua carreira musical por volta de seus 15 anos, ela adotou o apelido. A Pongo é uma das grandes cantora que leva o nome do Kuduro para fora de Angola. Seu primeiro sucesso foi o som “Kalemba (wegue wegue)”, feito em parceria com grupo português Buraka Som Sistema. Seu ultimo sucesso é o “Bruxos”, um Kuduro bem bolado cantando em português e quimbundo, que foi lançado dentro da plataforma do Colors. Se alguém ainda tinha duvidas que a cantora era um fenômeno talvez tenha mudado de ideia. Além de fazer sucesso em países africanos e em alguns da Europa, a cantora tem chegado a muitos ouvidos brasileiros que foram buscar outros trampos da cantora por conta de seu som “Bruxos”.

Estes foram alguns exemplos de artistas que anda tocando em angola e no mundo lusófono. Abaixo deixamos abaixo uma playlist no Spotify e no Youtube com mais de 2 horas de música angolana que vai do Kuduro ao Semba ou do Pop ao R&B. 

*A playlist é atualizada quase que diariamente*

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