Artigo | Afro-Argentinos, eles existem e resistem!
O que aconteceu com os africanos escravizados na Argentina? Onde estão seus descendentes?
Primeiramente bom dia, boa tarde ou boa noite, depende do momento que você está acessando esse conteúdo.
Quebrada, assuntos sobre os negros na Argentina sempre aparecem em discussões de grupos, grupos afro-centrados e tal, e em meados de 2010 escrevemos algumas fitas sobre. Recentemente um amigo me indicou ouvir o “Ubuntu Esporte Clube”, que é um Podcast do grupo Globo e faz parte do casting do Globoesporte.com. No episódio de número 35 eles fizeram um programa para abordar onde estão os negros da argentina e também falam sobre casos de racismos no futebol argentino, inclusive indico que ouçam quando puderem.
#UBUNTU ESPORTE CLUBE | Episódio 35 - Cadê os negros da Argentina?
Depois de pesquisar nos nossos arquivos, reparamos que algumas informações das matérias que fizemos estão desatualizadas, e numa rápida pesquisa no Google e Youtube, identificamos que existem bem mais informações sobre os afro-argentinos, já que fazem aproximadamente 11 anos que a Argentina começou a reconhecer os afro-argentinos e indígena, com isso muito conteúdo de estudos e debates foram produzidos.
Chego a essas ideias, pois em 2010, lembro de ler uma notícia de que o censo argentino após 100 anos ia passar a contabilizar os afro-argentinos e os indígenas (povos originários como dizem lá). Isso explodiu minha mente e como na época tínhamos um quadro chamado “Negro em Foco” noticiamos e soltamos algumas matérias na época.
Escrevo esse artigo motivado em trazer informações históricas, que acredito que sejam importantes pois algumas pessoas sequer sabem de questões como: quantidade (porcentagem) de africanos escravizados nos séculos 18, 19 e 19, proibição da escravatura, tráfico de escravizados em parceria com traficantes cariocas, personalidades afro-argentinas, heroína da libertação da Argentina e etc.
Vamos lá, afinal conhecimento é o quinto elemento do Hip Hop.
2010, ano em que os afro-argentinos “passam” a existir
Começamos com esse ponto, porque como dito, só em 2010 que as pessoas negras passaram a ser contabilizada pelo censo argentino. Mas precisamos voltar alguns anos antes, especificamente em 2002. Quando a ativista María Lamadrid precisou ir ao Panamá e sofreu pela primeira vez racismo fora de seu país.
Segue um trecho de uma reportagem do Portal Geledés:
Maria viu o racismo bem de perto e o sofreu diariamente. Há alguns anos, quando quis fazer uma viagem ao Panamá, apresentou-se no aeroporto com seu novo passaporte argentino. Quando a funcionária da imigração examinou o passaporte, começou a berrar, dizendo que “era falso” e em seguida deteve Maria. O único motivo da detenção foi a alegação de que “não existem negros na Argentina”.
María Lamadrid |
María Lamadri fundou a Organização África Vive no fim dos anos 90, e esse episódio revoltou muitas pessoas do movimento afro-argentino. Esse foi o estopim dos movimentos de luta pela visibilidade do povo afro na Argentina.
Voltando ...
Embora a história seja recente nos censos, a luta para que essas pessoas fossem reconhecidas vem de longa data, desde o período pós escravidão, tá ligado? Por exemplo, em 1988 foi criada a “Casa de La Cultura Indo Afro Americana”, primeira instituição voltada contra a discriminação racial contra descendentes africanos e indígenas. Fundada por Lucia Molina e Mario Luis Lopez.
Lucia Molina está na ativa até hoje, e essa linda senhora de ascendência indígena e africana é uma das mais importantes ativistas afro-argentinas, tanto que ela está sempre representando os afro-argentinos em atos e congressos contra a discriminação racial. Inclusive em 1990 ela veio para um congresso no Brasil.
Antes do censo de 2010 acontecer, as instituições de luta por direitos estimavam que a população afro-argentina chegasse a 5% da população do país, mas como o censo usou critérios de auto declaração, apenas 150.000 pessoas se declararam afro-argentinas, o que representa só 0,4% da população na época. Isso entristeceu grandemente todas as instituições, já que muita gente esconde sua ancestralidade por vergonha ou medo de sofrer algum tipo de preconceito. As instituições tinham muita fé que o censo de auto declaração fosse dar o resultado estimado de 5% ou no mínimo próximo pois fizeram mapeamentos pilotos em 2006, na região de Montserrat, Buenos Aires, Santa Rosa de Lima e Santa Fé, que revelavam que 5% da população argentina entrevistada admitia ter ancestrais de origem africana, enquanto outros 20% acreditavam que poderia ter em sua genética essa ancestralidade, mas não tinham certeza.
Essa pesquisa vai de encontro a alegação do Centro de Estudos Genéticos da Escola de Artes e Ciências da Universidade de Buenos Aires, que estimavam que 4,3% da população das regiões periféricas de Buenos Aires possuem traços genéticos que indicam ancestralidade africana. Que daria aproximadamente 2 milhões de afro-argentinos de “tronco colonial”, ou seja, argentinos que tiveram seus ancestrais trazido da África, em sua maioria Angola, para serem escravizados pelos espanhóis. Antes de 2010, os afro-argentinos haviam sido contabilizados somente em 1886.
Mas qual a importância de ser contabilizado por um censo? O intuito dessa luta é que, contabilizando esse grupo de pessoas, é teoricamente mais fácil exigir políticas públicas do governo argentino, para que possam criar programas de inclusão, visibilidade e cuidado para a comunidade afrodescendente na Argentina que é bem pobre. Desde então as instituições afro tem trabalhado pesado o empoderamento das pessoas para que elas assumam sua negritude, para que no próximo censo o numero declarado de afro-argentinos seja mais próximo do real.
PERÍODO COLONIAL
Jorge Lanata é um dos mais importantes jornalistas argentinos, fundador do diário “Pagina/12” e autor de livros como o “Argentinos”, que conta a história de seu país em dois volumes, lançado em 2002. Jorge diz que os negros foram os primeiros desaparecidos, fazendo referência aos mortos pela recente ditadura militar. O jornalista traz números do censo de 1778, e mostra que 30% da população na região tinha origem africana. Em 1810 a porcentagem se manteve, mas já em 1838 cai para 25%. Em 1887, eles já representam cerca de 2% da população. Importante dizer que bem no inicio em Buenos Aires por exemplo, a proporção era de 5 negros para cada 1 branco.
Importante ressaltar que durante um período a cana de açúcar plantada no Nordeste era de uma qualidade muito superior, e o Rio de Janeiro (Capital do Brasil até 1960) sobreviveu economicamente por conta do tráfico de escravizados africanos.
Os escravizados que chegavam no Rio, em sua maioria, não eram pagos em dinheiro, mas com açúcar, cachaça, mandioca e tabaco, que serviam de moeda de troca na África. Os africanos eram transportados para Buenos Aires e eram levados ilegalmente até Prata até chegar nas minas. Eram transações que envolviam todos, inclusive os governadores eram contrabandistas.
Em 1813 começou o processo para a abolição da escravatura na Argentina, mas só foi chancelada pela Constituição de 1853, sendo 35 anos antes da abolição no Brasil.
Inclusive a abolição não ocorreu em 1813, porque os portugueses com medo de que os escravizados no Brasil fugisse para a Argentina, usaram de sua boa relação para retardar esse processo. De 1813 até 1852, os africanos só podiam comprar sua alforria.
Vendedor de empanadas em Buenos Aires, em 1937 - Wikimedia Commons |
Africanos são dizimados
A Argentina esteve envolvida em muitas guerras durante os séculos 18 e 19. Além das guerras territoriais aqui na América do Sul, a Argentina precisou se defender das invasões da Inglaterra e França. Lembrando também que o Brasil foi aliado da Argentina na guerra do Paraguai. E vale lembrar que os exércitos do Brasil, Paraguai e Argentina tinham pretos escravizados na linha de frente. Durante esse período a Argentina colocou os escravizados na linha de frente de seus exércitos, os primeiros a levarem tiros. Embora seja um fato muito pesado, é importante lembrarmos que muitas vezes esses africanos eram usados de bucha/isca para gastar as balas do exército rival. Além dessas mortes em guerras, os negros também sofreram com uma epidemia de Febre Amarela em 1871, que dizimou bairros pobres de Buenos Aires, bairros onde se concentrava os poucos negros que sobraram das guerras. Há relatos que os negros não tiveram amparo médico, foram deixados a própria sorte. Logo após esse período, assim como no Brasil a Argentina estimulou a imigração europeia, principalmente italiana, com isso marcando o sotaque portenho assim como marca o sotaque de alguns paulistanos.
Imigração Cabo-Verdiana
Os cabo-verdianos são vistos de forma diferente do que os afro-argentinos do chamado tronco colonial. Mesmo já tendo filhos nascidos na argentina, muitos argentinos não consideram esses imigrantes como argentinos de fato. Curioso, que os descendentes dos italianos, de boa, mas vamos lá. Segundo a matéria escrita pelo Willian Vieira para o site cabo-verdiano “Expresso das Ilhas”, foi no final do século 19 e inicio do século 20 que começaram a chegar nos portos de Montevideu e Buenos Aires, marítimos cabo-verdianos, tripulantes de baleeiros, tripulantes de barcos mercantes ou grumetes a bordo de navios de guerra argentinos.
Naquele tempo os portos do Rio da Prata funcionavam tanto como destino final da imigração cabo-verdiana, como ponto de passagem para o Brasil, um destino muito comum até 1930. Os cabo-verdianos que mais imigraram para América do Sul são originários das ilhas de São Vicente e São Antão.
Segundo fontes oficiais, existem entre 12.000 e 15.000 descendentes dos imigrantes que vieram de Cabo Verde, vivendo na Argentina. Por Buenos Aires possuir mais oportunidade de emprego no setor marítimo naquele período, e pelos cabo-verdianos serem ótimos marinheiros especializados em pesca, se instalaram facilmente na capital do país, onde vivem até hoje.
Afro-Argentinos invisibilizados
Apagamento histórico é uma pratica corriqueira entre os colonizadores europeus, vocês estão ligados já. Portanto, na Argentina não ia ser diferente. São muitos, mas vou citar dois que são: Bernardino Rivadavia e María Remedios.
Nascido em 20 de maio de 1780, foi o primeiro presidente das “Províncias Unidas do Rio da Prata”, conhecida atualmente como Argentina. Bernardino muito provavelmente era não branco, pois ele era de uma família de ascendência africana. Tanto que seus opositores políticos do Rivadavia o chamavam de “Doutor Chocolate”. Por conta de seu status social, o censo da época declarou que ele era branco. Tanto que existe pinturas dele como branco, no estilo europeu.
Demorou séculos para redescobrirem a origem de Bernardino, assim como demorou para descobrimos que Machado de Assis era negro.
María Remedios foi uma das heroínas que lutou pela independência da Argentina e por séculos sua história foi esquecida. Aliás, mesmo em vida ela foi esquecida. Vamos contar um resumão, porque a história dela é grande, e convidamos você a pesquisar mais sobre ela.
María Remedios Del Valle nasceu em Buenos Aires. Os historiadores não conseguiram datar exatamente seu nascimento, mas há um consenso que ela nasceu entre 1766 e 1768 e morreu entre 28 de outubro e 8 de novembro de 1847. Ela foi uma soldada afro-argentina (registrada no exercito como “Parda/Marrom”, assim eram chamados os descendentes dos africanos escravizados). María Remedios participou de muitas lutas, mas seu maior feito foi na Guerra da Independência da Argentina. Seus feitos no exército renderam títulos de “capitã” e “mãe da pátria” (Madre de la Patria) e no final de seus dias, o posto de sargento-mor do exército.
Mas nem tudo foram glórias na vida de María...
Na Batalha de Tumán, ela pediu permissão a seu general para cuidar das tropas que haviam caído na linha de frente. O General Manuel Belgrano vetou, alegando que as mulheres não eram adequadas para a linha de frente. María ignora a ordem, e prossegue seu plano e mais tarde é agraciada por Belgramo com o posto de capitã do exército. Já na Batalha de Ayohúma, Del Valle após ser baleada foi capturada pelas forças espanholas, e durante seu cativeiro ajudou vários soldados a fugirem e foi sentenciada ao açoitamento público por nove dias consecutivos. María, com toda sua astúcia foge e continua no campo de batalha, prestando socorro aos feridos no campo e permanecendo até o final.
Segundo o escritor, historiador e jurisconsulto Carlos Ibarguren (1877–1956), que resgatou essa história, após o fim da batalha, ela volta à Buenos Aires e acaba vivendo num rancho. Mas para sobreviver ela teve que vender pastéis, bolos fritos e até mendigar.
Qualquer cidadão que fez o que ela fez, e teve o cargo que ela teve no exército, tinha uma espécie de aposentadoria pago pelo governo, e Maria foi atrás disso. Em 1826 ela entra com uma solicitação de reparo por serviços prestados, além da perda de seu filho e marido durante a guerra. Em 1827, o ministro da defesa, Francisco Fernández de la Cruz rejeitou o pedido, recomendando dirigi-lo à legislatura da província, já que não estava "nas faculdades do governo conceder qualquer graça que fosse função do Tesouro".
Maria já com 60 anos de idade, mendigava e foi reconhecida pelo general Juan José Viamonte, então deputado na Junta de Representantes da Província de Buenos Aires. Ele pergunta seu nome e diz: "Você é a Capitã, aquela que nos acompanhou até o Alto Peru, é uma heroína!".
Del Valle lhe contou então quantas vezes bateu à porta de sua casa procurando ajuda, mas sua equipe sempre lhe espantou pensando ser uma pedinte. Em 1830, ela é incluída no Estado-Maior do Corpo de Inválidos com o salário integral de sua classe e recebe até 28 de outubro de 1847. Nos arquivos de pensões do exército, datado de 8 de novembro consta que ela havia falecido.
SEU LEGADO
Em 1944, uma rua de Buenos Aires foi nomeada em sua homenagem, e também uma escola foi nomeada de Capitana María Remedios del Valle. Como foi relatado, apesar de desde 1988 terem iniciado um movimento de resgate da memória e empoderamento dos afro-argentinos, foi só depois de 2010 que esses movimentos ganharam força.
Em 2010, na Câmara dos Deputados durante uma sessão em homenagem ao Bicentenário da Argentina, as deputadas Cecilia Merchán e Victoria Donda apresentaram um projeto de lei para construir um monumento em homenagem a María Remédios, e desde 2012, no dia 8 de novembro é celebrado o Dia Nacional dos Afro-Argentinos e da Cultura Africana.
MAIS DETALHES: https://afroestilo.com/2014/05/08/heroes-afrodescendientes-argentinos-invisibilizados/
Eu poderia falar também de Héctor Rodolfo Baley, conhecido como “El Chocolate”, que foi um goleiro reserva e campeão do mundo pela Argentina em 1978. Também poderia falar sobre o cantor Fidel Ernesto Nadal, que nasce numa família acadêmica de mãe (branca) antropóloga, e artista visual e também seu pai, Enrique Nadal, um cineasta e um dos principais nomes da luta pelo reconhecimento dos direitos dos negros argentinos.
Mas como já está ficando grande, creio que devo dizer onde eles estão hoje.
Onde estão e como estão os afro-argentinos hoje?
Depois de anos lendo, estudando através de artigos, debates televisivos e vendo muitos documentários sobre a identidade afro da argentina e o legado que os africanos deixaram lá, seria chover no molhado dizer que o Tango ou Tangó, a Milonga, o Candombe e mais algumas expressões culturais foram deixadas pelos africanos escravizados.
Primeiro tenho que relatar que a construção racial na Argentina é um tanto diferente da nossa. Em boa parte dos documentários eu tive que me desarmar e deixar meu “negrômetro” de lado. Mesmo eu não sendo um colorista, mas como vivemos numa sociedade que é, em muitos momentos foi difícil enxergar algumas pessoas como sendo negras ou afro. Muitas pessoas que no Brasil seriam facilmente vistas como brancas, lá são vistas como negras. A construção racial na argentina é assim, se liga:
MULATO – nascimento de negro com branco;
TERCERÓN – nascimento entre branco com mulato;
QUARTERÓN – nascimento de branco com “tercerón”;
QUINTERÓN – nascimento de branco com “quarterón”;
ZAMBO – nascimento entre negro com índio
ZAMBRO NEGRO – nascimento entre negro com índio, cujo indivíduo tinha forte característica física africana;
SALTO ATRÁS – quando a criança mulata ou “tercerón” era mais negra que os pais.
Estas classificações acima foram usadas por muito tempo para rotular as pessoas não brancas, não caucasianas, para impedir seu acesso social a bens comuns como educação, saúde e até para entrar no exército. Isso foi e ainda é usado como um sistema de casta baseado no tom de pele e origem da pessoa.
A sociedade Argentina além de julgar pelo tom de pele, também julga pela origem genética. Aqui no Brasil, durante muito tempo houve um processo eugênico onde nós pretos, mulatos, negros aço, morenos jambo ou qualquer termo que seja, usado para pessoas não brancas, éramos marginalizados, nossos traços eram ditos como feios (não que não fazem isso hoje). O que quero dizer é que, o mesmo processo de negação étnica que nós pretos brasileiros tivemos, lá eles tiveram e ainda têm. Mas a diferença é que o processo de eugenia na Argentina deu super certo. Uma população de 30%, hoje representa algo de 1 a 5%!! (sem contar os imigrantes africanos que chegaram na Argentina depois dos anos 90 e 2000 ou os cabo-verdianos que chegam no fim do século 19, início do 20).
Os afro-argentinos em sua grande e esmagadoramente maioria, hoje são negros de pele clara. Inclusive os cabo-verdianos foram miscigenados antes de chegarem na Argentina. Se você chegou até aqui, leu que os africanos escravizados em sua maioria morreram nas guerras, em sua maioria eram homens, já que mulheres no exército eram raras. Nomes como María Remedios foram possíveis pois ela fora acompanhar seu filho e marido, como enfermeira e só estando lá que entrou para o Exército. Depois da guerra, a epidemia de febre amarela matou milhares de pretos escravizados.
Nota importante: Na escola, os argentinos costumam aprender que a argentina não tem mais negros porque eles morreram nessa epidemia.
Mas continuando meu raciocínio.
Com a morte em massa de homens pretos, muitas mulheres ficaram viúvas. Em todos os documentários que eu assisti a frase que mais as pessoas dizem é: “minha vó era negra”, “minha bisavó era negra descendente dos povos escravizados”, sempre é citado a figura da mulher negra, e em sua maioria se casaram com homens brancos e isso gerou o embranquecimento dos descendentes dos africanos. Não estou dizendo que o homem afro-argentino não se casou com mulher branca, só trazendo um fato histórico que impulsionou esse processo de embranquecimento. Como eram esmagadoramente minorias, a chance de ser formar casais afros eram bem menores e hoje é mais ainda.
Carlos Lamadrid |
Inclusive, durante uma entrevista, Carlos Lamadrid, integrante da associação Misibamba, que é uma comunidade afro-argentina de Buenos Aires, diz: “Muitas famílias tem se escondido e por uma questão de sobrevivência. O africano descendente de escravizado se camuflou e se miscigenou e assimilou o costume do branco para subsistir, perdendo toda a cultura que os africanos nos trouxeram”
Outra cena bem emblemática pra mim, é um programa de debate numa TV Argentina, debatendo racismo no dia 8 de novembro. Na cena, há 4 convidados, 2 pessoas retintas naturalizadaos argentinas, um Uruguaio, Carlos Álvarez Nazareno e uma colombiana, Lisa María Montaño Ortiz. Já os negros nascidos na argenta, são os de pele clara, Carmen Yannone e Frederico Pita, que inclusive é presidente da DIAFAR. (Diáspora Africana Argentina).
Com tudo, os afro-argentinos vivem como todos os pretos afro-americanos na diáspora vivem; nos guetos, favelas, barrio bajo ou qualquer outra denominação para comunidades periféricas.
Além de estarem nos “barrio bajo”, também estão nas províncias interioranas da Argentina.
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REFERENCIAS USADAS:
Argentina también es afro: Los colores de la piel
Argentina también es afro: La ruta del esclavo
Argentina también es afro: Las conquistas de la libertad
Argentina también es afro: El santo negro
A história da emigração cabo-verdiana na Argentina e o Desporto
Candombe argentino, afroargentino en su variedad porteña.
María Remedios Del Valle | Biografia
Onde estão os negros da Argentina?
A história dos negros argentinos: por que eles quase “sumiram” do mapa por lá?
2019 Film Fest Semi-Finalist | "Afro-Argentinos: Estamos Aca"
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