Entrevista - Com uma doce e linda voz, Budah vem se consolidando e botando o Espirito do Santo no mapa do rap
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Natural de Cariacica, Espirito Santo, Brendha de Souza Rangel, conhecido como Budah ou AfroBudah vem mostrando seu talento misturando rap com R&B.
Em 2017, Budah começou a ganhar notoriedade na cena capixabana com o single "Neguin", que é o trampo de estréia da Budah.
No mesmo ano, ao lado de Bella Larbac, Mary Janes, P.Drita e Budah participou da Cypher "Mulheres" do selo Timeless. Ainda no mesmo ano, mas no fim de 2017, a mc e cantora foi convidada para mandar suas rimas e melodias no RND Freeverse. Neste quadro do RND a capixabana lançou "Cola Comigo".
Avançando no tempo, no fim do ano passado Error27, Jamal e Budah, numa pegada voz e violão, lançaram o som "Quando eu te ligar". Este som bateu a casa de 2 milhões de visualizações no Youtube, abrindo os caminhos de vez para o trio. Já em 2019 a cantora lançou o lindo e doce som chamado "Licor" e veio para SP gravar um feat. e gravar um clipe com Error27 e Muzikke no som "Saudade".
Pode parecer muita presunção minha, mas a Budah vai ganhar seu ouvido e logo mais vai ter grande destaque na cena do rap e R&B nacional. Impossível não se apaixonar por sua voz e letras. Budah se destaca pelo seu talento, atitude e maturidade em seus sons.
Representando a cena do rap capixaba, a estudante canta sobre amor, desigualdade social e vivencia.
Sem mais delongas, vamos para a entrevista. Bora conhecer um pouco mais sobre a Budah?
R: A Budah sou eu (Brendha) e ela mesma hahahah. É como se fosse um personagem mas tem muito de mim ali, tanto na intérprete quanto na alma. Budah vem de uma cidade pequena (Cariacica) localizada na Grande Vitória, no Espírito Santo. O mundo é pouco pra onde ela quer chegar, hahaha.
Como que o rap e o hip hop chegou em sua vida?
R: O movimento sempre me acompanhou durante a minha infância e adolescência, sempre escutei muito r&b e rap nessa fase da vida ja bem novinha e agradeço a Mix TV por isso, hahaha. A cena Capixaba eu conheci em 2012, e comecei a participar em 2013 na organização das batalhas de rima.
Como é a cena Hip Hop/Rap no Espirito Santo? Existe um fortalecimento da cena local e tal?
R: Aqui é um lugar pequeno e acredito que de uns 2 anos pra cá cresceu muito, mas rola muita briga por ego. A galera ao invés de se juntar, se divide, nao é todo mundo mas tem muita gente assim, acaba que de certa forma a gente ao invés de lutar pela mesma coisa que seria o estado crescer, fica todo mundo eufórico pra sair daqui (inclusive eu). Tanto nós quanto artistas, quanto eles como público temos que amadurecer bastante ainda, os contratantes principalmente precisam nos tratar como tal, não é o que acontece. O descaso é grande com os artistas locais e é algo que desanima bastante continuar lutando aqui pra viver disso.
Alem de rimar, você canta muito bem e trabalha muito bem na vibe Rap e R&B.
O rap foi o ritmo que te introduziu no mundo musical? Você rimava ou cantava primeiro?
R: Sempre cantei, nunca tinha rimado nada até escrever "Neguin".
Você lançou o single "Neguin", participou da Cypher "Mulheres" da Timeless, também participou do Freeverse do site RND e outros.
No fim do ano passado você saiu na lista da Vice como apostas pra 2019.
Como você reagiu a isto? te motiva? te pressiona?
R: Eu acho isso tudo muito louco, mas é o que eu realmente quero. Quero mostrar pras pessoas o que eu sei fazer e quero que atinja o máximo de pessoas possíveis, tanto no rap quanto fora, procuro não me rolutar muito por isso.
Não me pressiona, eu sei o que eu posso fazer e aonde eu posso chegar, estou trabalhando pra isso.
Você tem algum ritual para escrever suas músicas? quais temas costuma abordar?
R: Não hahahah eu gosto muito de ficar escutando type beats no YouTube e geralmente minhas letras saem assim, algumas vezes anoto coisas que surgem na minha cabeça do nada que em algum momento sei que vou usar. Gosto muito de falar sobre a minha visão e minha vivência sobre os meus relacionamentos, é sobre o que eu mais escrevo.
Sampleando um trecho da música "Acordar (Aviões de Papel)" do meu mano Yannick Shazam. Mas e aí, seja bem sincera, olha pra você hoje, você é aquilo que você imaginou quando criança?
R: Não, mas eu sempre quis fazer isso. Eu nunca me imaginei fazendo outra coisa q não seja cantar em cima de um palco, apesar de ter demorado muito pra acontecer,creio que tudo aconteceu no tempo certo, hoje eu sou mais segura. Mas há 5 anos atrás, eu era outra pessoa, não sabia como eu ia fazer música, só sabia que eu ia fazer.
Pegando o gancho, pessoal ou profissional como que a Budah se imagina daqui a alguns anos?
R: Me imagino tendo o reconhecimento que eu mereço, agarrando as melhores oportunidades, crescendo muito profissionalmente, e o mais importante, dando um conforto pra minha família hehehe.
Você sente dificuldade mais incisiva na visibilidade da galera do Espirito Santo? Porque conhecemos artistas, muito pelo que o Gilmar Doggueto posta, mas ainda assim tem muita gente boa que não tem o devido reconhecimento. Como tem feito para driblar?
R: Eu não faço nada pra driblar isso, eu simplesmente trabalho, não fico questionando ninguém sobre o público não valorizar ou algo do tipo, ja passei dessa fase...Eu acredito que quando você trabalha bem, se esforça e agradece, o resultado aparece, independente de onde você esteja.
O alto número de mulheres agredidas e mortas pelo ex ou atual companheiro, e entendendo nosso papel social de combate a violência e principalmente proteção às nossas (que são as mulheres pobres e negras). Você acha que o rap ainda tem potencial de mudar vidas e de interferir nesta questão em especial?
R: Sim, principalmente atualmente onde a gente tem escutado muito. Eu acho que tem gente que não vai querer ler um texto gigante onde as informações são passadas, mas vai querer escutar uma música onde se fala sobre isso. Casos e casos, a música tem um poder incrível.
Li numa matéria sobre você que você planejava lançar seu primeiro EP em 2018, não rolou.
E 2019 mal começou e você já lançou o som "Licor" pra aquecer nossos corações. Este EP ainda tá em seus planos? O que podemos esperar pra 2019?
R: 2018 foi um ano em que eu decidi quem trabalharia comigo ou não, sendo mulher e independente, eu notei que o machismo ainda tava muito presente com gente que eu ja trabalhei dentro do estúdio. Então eu me decidi e mudei os meus planos, mas eu tenho em mente um álbum cheio de conceitos que eu tive ao longo desses 2 anos de corre. Em 2019 eu pretendo focar muito em singles e começar a trabalhar em um álbum pro ano de 2020, mas não prometo porquê tudo pode mudar também hahahah.
Muito obrigado pela entrevista Budah! Deixo este espaço pra vocês deixar seu salve, mensagem para os leitores e seus fãs.
R: Agradeço intensamente ao carinho recebido todos os dias por pessoas de vários lugares, sinto agr estou no momento e no caminho certo. Só tenho a agradecer tudo iisso muito obrigada!
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