Se o PT quiser novamente a confiança do povo, vai ter que ouvir os conselhos de Mano Brown. Disse Henrique Oliveira

Foto: João Vieira
Nosso quadro "A juventude/povo negro tem a voz ativa" de 2018, iniciou com a mc e cientista social Yala Souza. Yala falou sobre:  rap, negritude e atualidades da cena politica brasileira.

Dando continuidade as nossas atividade de novembro, trago para vocês esta importante entrevista com o baiano Henrique Oliveira.
Henrique fala sobre: Sua caminhada, rap, movimento negro, atualidade politica e mais.
Vamos direto par a entrevista que o mano Henrique tem muitos a nos dizer!

Bora!

Como já é de costume nosso, se apresente. Quem é Henrique Oliveira?

R: Sou de Salvador/BA, tenho 29 anos, faço mestrado em História Social na UFBA, me considero politicamente comunista, estou afastado no momento, mas tenho relações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o coletivo negro Minervino de Oliveira. Além de escrever para a Revista Rever e para o blog Diários Incendiários. E um das principais características que marca a minha existência: um homem negro vivendo numa sociedade racista.

Como surgiu seu gosto pelo rap e qual seu grau de envolvimento hoje com ele?

R: Digamos que eu fui ‘evangelizado’ pela bíblia sagrada do Rap brasileiro, que foi o álbum Sobrevivendo no Inferno, do Racionais mc’s, por influência do meu irmão mais velho, estava entrando na adolescência, me identifiquei muito com a sonoridade, as letras, mesmo sem entender com profundidade questões ali trazidas, que veio com o tempo. Depois procurei e conheci outro grupos. Eu costumo dizer, que o Rap foi a minha primeira fonte de formação política e intelectual, através das letras passei a perceber as questões sociais brasileiras, muito antes de entrar na Universidade ou até mesmo de forma mais interessante do que na Escola.

Atualmente meu envolvimento com o Rap ultrapassou o lugar do ouvinte, do fã de Rap, desde o ano passado eu venho produzindo conteúdo sobre a cena de Salvador, entrevistando mc’s, beatmaker, cobrindo alguns eventos, mesmo sem formação e experiência no jornalismo, inclusive enviei pautas para o Noticiário Periférico. Eu colaboro com o site Rap071, que é um dos principais sites que cobre a cena de Rap da cidade. E desde o mês de junho faço a assessoria do grupo Contenção 33, acabamos de lançar o EP Vida do Avesso, um EP com participações e música autorais, praticamente todo em audiovisual, que pode ser acessado no canal do Youtube.

Contenção 33


Fale-nos também sobre a Revista Rever e seu trampo nela. 

R: A Rever é uma revista digital criada por uma galera de Aracaju/SE, em 2015 recebi o convite de um conhecido em comum com os criadores, para escrever como colunista, mesmo sendo aqui de Salvador. E desde o ano passado resolvi deixar de ser apenas colunista e falar sobre algum tema, e passei escrever sobre Rap, porque tinha muita gente lançando trabalho em Salvador, com muita qualidade, para pouca divulgação, entrevistei pessoas como o juiz Luis Carlos Valois, o escritor carioca Geovani Martins, a diretora Camila de Moraes e as organizadoras do Slam das Minas Bahia, por exemplo.

Só que o grupo que escrevia acabou se desfazendo por motivos pessoais, e agora estou praticamente sozinho escrevendo e postando no site, inclusive recebemos textos de colaboradores que queiram divulgar seus textos. Além da Rever, as vezes colaboro com o portal Esquerda Online, Alma Preta, mas já escrevi também para o Geledés e o Justificando.

Bora começar quente. 
A Bahia o estado mais preto do Brasil, foi onde o Bolsonaro teve o maior número de rejeição.

É fácil de explicar isto?

R: A questão racial explica, porque Bolsonaro é notoriamente racista e nos últimos anos a sociedade brasileira passou se auto declarar negra sem vergonha, deixando de lado o auto ódio e derrubando de vez o mito da “Democracia Racial”. No fim, esse aumento da consciência negra ajudou na rejeição. Mas a Bahia assim como toda a região Nordeste recebeu dos governos do PT uma maior atenção por meio das políticas públicas, e não estou falando aqui do Bolsa Família, mas sim de programas que levaram luz, água, crédito para pequenos produtores, elevação do consumo, do salário, emprego e acesso ao ensino superior e técnico. O PT conseguiu construir um saldo positivo na Bahia.

Que raios é o projeto "Escola sem Partido"? E o quão ele é nocivo para a educação dos jovens e o quão ele é nocivo para os professores?

R: Primeiro existe um movimento chamado “Escola Sem Partido” que diz representar pais de alunos preocupados com aquilo que eles chamam de “contaminação ideológica na sala de aula”. Esse movimento acredita que os professores são militantes políticos, fazendo agitação de Esquerda e etc nas Escolas, não só os professores, mas também os livros didáticos são instrumentos político ideológico, na visão desse movimento. O projeto de lei “Escola Sem Partido” segundo seus apoiadores, pretende limitar a atuação dos professores, para impedir que eles promovam suas crenças particulares, incitando os alunos a participarem de protestos e discrimine quem pensa diferente.

O Escola Sem Partido invoca algo que nunca houve na história da humanidade, que é uma base educacional não ideológica e neutra, se as Escolas realmente formassem pessoas ideologicamente orientadas, Jair Bolsonaro não teria sido eleito. O projeto estimula a perseguição política aos professores e fere a liberdade de ensino, só pessoas que nunca tiveram a experiência de sala, podem achar que os jovens são tabulas rasas, se os pais não conseguem passar noções mínimas sobre ética, respeito e etc, aos seus filhos, por que os professores conseguiriam?

Imagina que uma família de racistas, acha errado que o professor ensine aos seus alunos a respeitarem a diversidade humana? O papel da educação e da Escola é politizar a existência e a vida em sociedade no máximo possível, lógico, sempre abrindo espaço para o debate, mas nem toda opinião contrária é válida, alguém que acha que racismo e homofobia são direitos individuais que devem ser respeitados como pensamento contrário? A Escola está na sociedade, só existe em função dela, a complexidade das relações sociais devem ser objetos de estudo. Uma das maiores mentiras que o Escola Sem Partido promove, é que a família deve ser a única responsável pela educação moral dos filhos, se assim fosse, nossos jovens não estariam vulneráveis as doenças sexualmente transmissíveis. O que há de fundo, é uma resistência desses pais que seus filhos sejam educados tendo como base o respeito aos direitos humanos.

O Escola Sem Partido é um total descolamento das reais necessidades da educação pública brasileira, que precisa de mais investimentos, estrutura de última geração, eu sou professor formado, hoje é muito difícil dá aula apenas com quadro e piloto, enquanto os alunos estão imersos nas novas tecnologias como celular e computador, tem escândalos de desvio de verbas da merenda e transporte escolar, professores com baixos salários, cansados, adoecendo física e mentalmente. E o projeto Escola Sem Partido, vem na contramão, apostando na desvalorização da docência. A quem interessa esse projeto? O países que tem melhores índices educacionais tem projetos como esse?

Foto: Marcos Musse
Mano, o Bolsonaro já voltou atrás em diversas coisas que ele disse que ia mudar e tal.

Por exemplo ele disse que ia acabar com o Ministério do Trabalho, mas uma semana depois da péssima repercussão ele recuou.

Você acha que mais do que nunca vai ser importante uma oposição e fiscalização forte?

R: O enfrentamento ao Bolsonarismo tem que ser feito articulando uma oposição parlamentar, que fiscalize e possa impor derrotas aos seus projetos anti popular e autoritários, que não restrinja apenas aos partidos como PT,PSOL, PCdoB, mas todos aqueles que tenham discordâncias com suas propostas precisam dialogar, acredito que se houver a possibilidade de uma frente pluripartidária em determinadas situações será bem vinda. O momento é de defesa das conquistas mínimas que tivemos nos últimos anos.

E do ponto de vista social, ela deve ser bem maior, unindo aqueles que votaram contra Bolsonaro, os que votaram nulo em branco, porque se olharmos bem, veremos que uma maioria não optou por ele, que inclusive possa aglutinar até os seus eleitores descontentes. Então é urgente uma oposição ao bolsonarismo, por tudo que ele representa de retrocesso e de aprofundamento do caos que já está instalado.

Recentemente o presidente eleito Jair Bolsonaro disse: "Ou todos os direitos e desemprego ou menos direitos e empregos". Não é primeira vez que ele diz isto. Mesmo assim, muito pobre trabalhador votou nele.

Como explicar ele receber tanto voto da classe trabalhadora?

R: Em minha opinião, o desejo econômico não pautou essas eleições, o problema do desemprego e como resolve ló passou ao largo do candidato eleito, porque tudo que diz respeito a essa área ele terceirizou para o Paulo Guedes, a quem ele chamou de “Posto Ipiranga”. A sociedade abriu mão de discutir as grandes questões, para fazer da urna instrumento de vingança ao PT, algumas pessoas defendem essa tese e eu concordo, várias regiões que votavam no PT, nesse ano votaram em Bolsonaro. O bolsonarismo conseguiu capturar os desejos de insatisfação, descrédito e frustração com o PT, principalmente com a questão da corrupção, e aí não tem como deixa de fora o papel da Lava Jato e da mídia, o que fez com que as pessoas votassem sem se importar com o que Bolsonaro disse sobre ter empregos ou ter direitos e não ter emprego.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro precisa desse cenário de terra arrasada, foi assim na segurança pública, setor que ele prometeu agir de forma mais dura, até mesmo facilitando o porte de armas, então, só mesmo em situação de desemprego grave, os trabalhadores aceitam redução de salários e direitos, para continuarem empregados e assim terem condições mínimas de sobrevivência.

No último comício da campanha do Haddad, Mano Brown soltou o verbo sugerindo que o PT fizesse uma autocrítica, pois o Partido dos Trabalhadores não fala mais a mesma língua do trabalhador.

Como você reagiu ao ver este discurso e o que você pensa sobre este assunto?

R: A fala de Mano Brown foi totalmente necessária, ela representou toda periferia que nos últimos anos vota ou votou no PT, mas que não viu questões essenciais serem resolvidas, ou que foram melhoradas a passos muito lentos. A cidadania pelo consumo como alguns caracterizam os governos do PT, não conseguiu fazer com que as pessoas se sentissem participantes do regime político, o partido abriu mão do trabalho de base, da formação política, para fazer alianças com partidos como PMDB, PR, PP, que sempre governaram com mãos de ferro e pouco deram de retorno a sociedade, principalmente para a periferia.

Eu acredito que Mano Brown foi o homem certo, no lugar certo, ninguém melhor do que ele para poder transmitir o que a periferia, a comunidade negra, pensa e quer sobre os rumos do país. O que ele disse ali, muitas mães de jovens negros mortos pela PM aqui na Bahia, que é governada pelo PT desde 2006, não puderam dizer as lideranças do partido. O Racionais mc’s fez mais formação política na periferia brasileira do que o PT nos últimos anos. Se o PT quiser novamente a confiança do povo, vai ter que ouvir os conselhos de Mano Brown.

Como você enxerga a militância negra em 2018? Você vê atuação, tem críticas, elogios, ela realmente existe? Ela só lacra? Enfim, como você a descreveria?

R: A militância negra é diversa, plural, atua em várias frentes, pelo pouco que sei, a juventude negra é muito mais engajada hoje na luta contra o racismo, do que há décadas atrás, a rede social tem permitido uma maior politização não só das pessoas negras, como também das mulheres e lgbt’s. Lógico que numa sociedade racista como a nossa, que viveu se reafirmando como livre do preconceito de cor, ainda tem muita resistência a militância negra, porque nós tocamos numa das principais contradições do Brasil, o que eles querem é o silêncio da cor, ao mesmo tempo que eles usam do racismo para governar e ganhar dinheiro. Mas basta que a gente fale em cor, em ser negro como uma problemática, que a tropa de choque da supremacia branca aparece para nos desacreditar.

As vezes falta um pouco de tato, principalmente nas redes sociais, da militância negra em levantar e debater algumas pautas, de perceber que estamos lidando com pessoas que foram forjadas para serem racistas, e com esse fenômeno do bolsonarismo, a resistência ao debate sobre racismo aumentou. Então acaba ocorrendo distorções na apropriação dos temas, nas interpretações, que é um elemento fundamental da comunicação, mas na minha avaliação muito breve, o saldo é positivo. Não concordo com a descrição que a militância negra é lacradora e etc, isso é reduzir de forma negativa a diversidade de métodos e estratégias adotadas na luta contra o racismo.

Pegando o gancho, vejo muitos "militantes" negros reproduzirem a frase da Sueli Carneiro "Entre esquerda e direita, eu continuo preta".

Eles usam esta frase para dizer que ambos os lados não nos representam. Qual sua opinião?

R: Eu discordo em partes, primeiro porque aquilo que chamamos de Esquerda hoje, não começou a existir com a formação dos sindicatos anarquistas ou comunistas no início do século XX. A luta contra a exploração do trabalho, por melhores condições de vida e direitos, está na raiz na tradição negra antiescravista. Se quisermos, a gente acha na internet o texto “A greve negra de 1857 na Bahia”, do historiador João José Reis, que fala sobre uma greve de escravos e negros livres que trabalhavam como carregadores de mercadoria em Salvador, que parou a cidade por dias, nada funcionou. A gente tem também greves de trabalhadores negros na chamada Primeira República, que eram tão organizadas e radicais quanto os imigrantes europeus. Na minha avaliação, o espectro político que a gente pode chamar de Esquerda no Brasil, tem na luta da população negra e indígena também, a sua raiz mais profunda.

Mas concordo no ponto, que tanto a Esquerda como a Direita podem e reproduzem racismo quando governam, dentro das suas instâncias partidárias, tivemos nessas eleições uma importante discussão levantada pelo Douglas Belchior, que foi candidato a deputado federal pelo PSOL em São Paulo, sobre os recursos financeiros que os partidos destina aos candidatos negros. E já saiu pesquisa mostrando que candidatos brancos recebem mais dinheiro do que candidatos negros.

E mesmo com todos os problemas existentes, a Esquerda ainda é o campo político que as pessoas negras conseguem se organizar, levar suas pautas, a gente não pode dizer, em hipótese alguma, que tanto faz uma pessoa negra na política, se olharmos para figuras como Fernando Holiday e Marielle Franco. Quem estava mais conectada com as necessidades das pessoas negras e em qual espectro político? Para mim o ideal é ser preto e de Esquerda, cada vez mais à Esquerda e que tenha autonomia para critica la nos seus erros.

Aquivo pessoal

Temos um presidente que é favorável a liberação do porte de arma para pessoas de 21 anos pra cima. Nesta nova lei, não seria a Policia Federal que concederia os portes.

Nestes 2 estados temos 2 casos que são corriqueiros. Em São Paulo um motorista de um Uber levou um tiro na cabeça, tiro acidental segundo o PM, no Rio temos o caso do garçom que esperava sua esposa com o guarda-chuva e foi morto pela PM, que segundo confundiu com um fuzil.

O que esperar deste Brasil cheio de cidadão de bem armado, com uma polícia racista e eugenista?

R: A gente só pode esperar mais assassinatos, feminicídios e demais crimes perpetrados com o uso de armas de fogo. É notório, que um país com mais de 60 mil homicídios por ano, isso levando em conta aqueles que temos corpo, porque os desaparecidos não contam, então esse número é muito maior, não está assim pela ausência de segurança individual, por falta de acesso as armas. Pelo contrário, a arma de fogo se tornou recurso para resolver qualquer tipo de conflito, o mínimo que seja, tem sido resolvido na bala.

Nós vivemos numa sociedade pós escravista, que nesse ano completa 130 anos da sua abolição, a violência por aqui é muito banalizada e naturalizada, a vida tem pouco valor, porque grande parte das pessoas eram tratadas como coisas. O legado desse regime é justamente uma violência interpessoal muito grande e tolerável.

A tendência infelizmente é aumentar ainda mais a violência policial, calcada na política de guerra ao tráfico de drogas, que não produz nenhum efeito de segurança pública, que está à serviço na verdade do mercado da violência, da venda de armas, vagas no cemitério e construção de presídios, para aprofundar o Genocídio do povo negro, já que mais da metade dessas vítimas de homicídios são jovens negros. E esse é o grande dilema da sociedade brasileira, que nega o racismo, mas quer resolver o problema da mortalidade em massa, sem resolver a questão racial, do nível de vulnerabilidade social e desumanização que as pessoas negras estão submetidas.

E também, pontuar como o porte de arma, dentro de casa como Bolsonaro promete, vai fomentar mais feminicídios, já que as mulheres são mortas em sua maioria pelos seus ex ou atuais companheiros e dentro de casa. Nós homens somos formados para afirmarmos a nossa condição social por meio da violência e dominação, então a combinação entre homens e armas de fogo, tem sido trágica para as mulheres, principalmente mulheres negras, que são as vítimas potenciais de feminicídio.

As presepadas do presidente eleito não para. Bolsonaro que sempre foi contra a vinda dos médicos cubanos (em 2013 ele foi ao STF pedindo a suspensão do programa Mais Médicos), ontem deu declarações e tomou atitudes que fizeram o governo cubano retirar todos os médicos cubanos do programa "Mais Médicos".

Toda fala dele, diz que quer tirar o Viés ideológico das coisas. Ele nem assumiu e dá indícios de mudanças drásticas e negativas pra quem é pobre.

O que esperar de 4 anos de um Bolsonaro no poder?

R: Jair Bolsonaro sempre foi um político desprezível, nunca se envolveu em grandes debates nacionais, nem participou de comissões sobre orçamento, educação, saúde, segurança, a maioria dos seus projetos sempre foram voltados para beneficiar os militares do Exército, bem no estilo corporativista, usar a máquina pública para garantir interesses particulares. E assim como um político carreirista, utilizou o seu capital político para eleger os seus filhos.

O que a gente pode esperar é um governo autoritário, com pouca capacidade de negociar com o Congresso, porque sabe se tiver que negociar vai ter que ceder a imagem que construiu, que não iria fazer toma lá da cá, com o partidos políticos Uma política econômica ultra liberal, com privatizações e redução de investimentos públicos, que vai piorar ainda mais os serviços de saúde e educação, lembrando que ele votou na PEC 95, que congelou os investimentos por 20 anos. E com chanceler lunático que escolheu, deve colocar o Brasil em crise diplomática, se ele romper com o Mercosul vai agravar a situação econômica, porque são os países da América do Sul que compram produtos brasileiros, o que vai gerar fechamento de fábricas e postos de trabalhos que são bem remunerados, consequentemente redução do consumo e mais crise. Os danos ao meio ambiente, porque Bolsonaro é aliado dos ruralistas que estão interessados em aumentar as áreas de desmatamento, o garimpo, os conflitos no campo vão se acirrar, para indígenas, quilombolas e camponeses.

Ele acabou de retribuir ao juiz federal Sergio Moro, o papel que ele desempenhou nesses últimos anos, impulsionando o apoio ao impeachment, retirando Lula das eleições, um cara que é um juiz encarcerador, punitivista, então para quem luta contra o encarceramento em massa, que é sobretudo encarceramento de pessoas negras, o cenário será bem mais complicado.

Eu quero sinceramente que o governo dele não chegue nem aos 4 anos, que nesse meio do caminho os trabalhadores se levantem para mudar o rumo da nossa história. Nessas eleições o Brasil elegeu um meme de internet para a presidência, infelizmente.


Muito obrigado pela entrevista mano.

Deixe suas considerações finais, sua mensagem para os nossos leitores.

R: Primeiro eu quero agradecer pela oportunidade, nunca estive do lado de cá numa entrevista, quero dizer que as pessoas continuem fortalecendo mídias como o Noticiário Periférico, que consegue dá espaço as pessoas que não são na verdade invisíveis, mas sim invisibilizadas. O Rap e a cultura negra como um todo precisam de mais iniciativas como essa, para furar o bloqueio racial midiático, que é uma das facetas do genocídio, que visa impedir a circulação da nossa cultura e consequentemente possíveis retornos financeiros aos seus produtores. Vida longa ao Noticiário Periférico e ao povo preto!

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