A união do Projeto Preto com a Souto MC resultou em AFRICABOCLO.
O jovem e promissor grupo Projeto Preto se une a também jovem e promissora MC Souto e, lançam o som AfricaCaboclo. Som produzido pelo VIBOX.
AFRICABOCLO é a resistência de nossos corpos sobre um Estado genocida que nos quer tombados. É o grito contra o fascismo que ecoa dentro do nosso movimento. É a raiz fincada em cada verso para que ninguém esqueça de onde vem a origem das nossas culturas hoje tão deturpadas, apropriadas e esvaziadas.
AFRICABOCLO é vida que também representa a morte dos antepassados. É luta. É auto-afirmação. União.
Não compactuamos com pilantras dentro ou fora do Hip-Hop, sejam eles politizados ou não.
E não cederemos nosso espaço! #EleNão
Dispara o Projeto Preto.
Ouça AfricaCaboclo:
Sobre o Projeto Preto
Projeto Preto é um grupo de rap underground integrado por Anarka, DenVin, D’Ogum, Gabi e Vibox. Os cinco artistas residem entre as diferentes zonas de São Paulo e juntos fomentam a cultura preta através da música.
Nascido no dia 1 de Abril de 2016, de início chamava-se Universo Paralelo, contava, em sua primeira formação, apenas com seus fundadores D’Ogum e T.R. Na medida em que foi-se descoberta a já patenteação do nome, os dois mc’s (que estavam num processo de reafirmação racial) decidiram que Projeto Preto sintetizava toda a caminhada de ambos dentro do Hip Hop e assim se iniciou uma nova fase no grupo, que passou a contar com DenVin. No final daquele mesmo ano, T.R. por motivos pessoais deixa o PP, que passa a contar também com Anarka e Vibox – produtor musical. Em Agosto de 2018, Gabi entra como DJ residente.
Com o objetivo de resgatar tudo o que foi perdido para a colonização, Projeto Preto busca fincar suas raízes no Hip Hop reforçando que sua representação deve ser feita, em sua maioria, por quem tem propriedade para falar dentro de um movimento criado por pessoas pretas: as próprias pessoas pretas. Além disso, o grupo visa expandir a musicalidade em seus trabalhos, transcendendo o rap, para que tudo o que seja feito alcance todos os públicos.
Flow, Engajamento e Resistência
A vida online de Caroline Souto, ou melhor, Souto MC, como costuma utilizar, é marcada por seus posicionamentos políticos e engajamento em causas como o feminismo e a cultura hip hop. Ela tem presença e mostra não se intimidar: a exposição clara das suas ideias, o papo reto e o bom humor são características marcantes desta MC que começou a compor quando tinha de 14 para 15 anos – segundo ela, algo que fazia sem muita seriedade no início, mas que começou a priorizar quando viu a construção e melhoria de suas canções. Suas influências vão “do rock ao samba”, fato que leva seu trabalho para muitos ritmos.
Nem tudo são flores: Souto conhece bem os percalços do caminho. Se colocar a cara para bater e dizer o que pensa já não é uma tarefa fácil de maneira geral, adicione o fato de fazer isso usando o rap e sendo mulher. Não é preciso ser bom de conta para saber o tamanho da dificuldade que ela enfrenta ao cantar suas letras. Ela mesma afirma:
“Mulheres não se sentem confortáveis dentro de um ambiente que continua tendo como principal faceta o homem machista. Além de inúmeras dificuldades que o próprio machismo emprega”
O mais importante para ela, porém, é o empoderamento que isso gera. Ela não pede licença para os homens, tampouco pergunta o que pode ou não ser debatido. Existe espaço para debater o feminismo? “Se não tem, a gente faz ter. Para isso que nós estamos aqui”, completa.
O mais importante para ela, porém, é o empoderamento que isso gera. Ela não pede licença para os homens, tampouco pergunta o que pode ou não ser debatido. Existe espaço para debater o feminismo? “Se não tem, a gente faz ter. Para isso que nós estamos aqui”, completa.
Suas rimas não têm temáticas, nem têm regra específica: “Minha lírica é algo que eu não gosto de definir porque eu sempre vou cair em contradição. O que dá vontade de escrever, eu escrevo”, explica. Mas, se ouvidos distraídos podem perceber o poder da voz e da postura da Souto, ouvidos atentos conseguem ir além e extrair ideias de resistência, questionamento, críticas ao sistema e situações de vivência de uma jovem que segura de si, que não tem vergonha de onde vai e de onde quer chegar.
A família? Essa ainda estranha o envolvimento dela com o movimento, mas talvez isso seja só questão de tempo, já que Souto MC acredita que a marginalização do rap vem perdendo força para um espaço de maior diálogo e abertura para quem acredita na ideologia existente por trás de cada vertente do hip hop. “Novos artistas trouxeram novas perspectivas que são fundamentais pra um movimento que tem força pra ser muito maior”.
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