Crespos mostra ao público histórias de revoltas e levantes negros


"Alguma coisa a ver com uma missão", da Cia. Os Crespos revisita lutas negras no Brasil.

"Sabe esse passado que não passa? Pois é... Enquanto houver senhores e escravos não estaremos dispensados da nossa missão (Heiner Müller)"

"Alguma coisa a ver com uma missão", da Cia. Os Crespos, volta em cartaz e leva o público a conhecer histórias das lutas negras por liberdade. Acompanhando duas personagens - uma Gari e uma auxiliar de enfermagem - que recebem um convite para viajar no tempo pelas águas da Calunga, o público reconhece trajetórias invisibilizadas pela história oficial. Contemplada pelo Proac Circulação de Rua da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo A Cia vai realizar diversas apresentações no Estado de São Paulo, sendo 5 apresentações na capital e nas cidades de Franco da Rocha, São Luis do Paraitinga, Santos, Ribeirão Preto e Registro, entre os meses de fevereiro e março de 2018.

"Alguma coisa a ver com uma missão" parte da investigação sobre as evoluções locais e revoluções políticas latino-americanas a partir dos levantes negros no Brasil e no Caribe, tendo em vista a construção imaginária de uma revolução poética a favor da abolição do racismo. Através de uma viagem na qual passado e futuro se encontram, personagens movimentam-se dentro da nossa sociedade compreendendo as lutas por liberdades diversas como tochas acesas para o estopim das transformações sociais antirracistas. O espetáculo é uma criação livremente inspirada no texto "Lembrança de uma revolução: A Missão" de Heiner Müller.

"Com este espetáculo queremos resgatar as pequenas e grandes conquistas do dia-a-dia daqueles que, inversamente ao que até hoje se supôs, resistiam a se tornar meras engrenagens do sistema que os escravizara. Esse é o ponto de partida para uma verdadeira mudança de ponto de vista sobre a participação negra numa possível reestruturação social" explica Lucelia Sergio, uma das fundadoras dos Crespos, ao lado do ator Sidney Santiago Kuanza e Joyce Barbosa, que também integram o elenco.

O espetáculo

Duas mulheres - Uma auxiliar de enfermagem e uma gari – são convocadas, através de sonho, a viajar no tempo pelas águas da Calunga (palavra banto que significa mar, oceano e grande cemitério). Elas fazem o trajeto guiadas por uma barqueira que lhes transmite uma missão. Cada parada no percurso é um enigma que as personagens devem desvendar para cumprir seus destinos. Por intermédio desta alegoria, Os Crespos transportam o público para uma viagem que remonta as revoltas e os levantes negros responsáveis por nossa liberdade e símbolos da resistência de um povo.

Musicalidade do espetáculo baseia-se em Vissungos

Os VISSUNGOS são cantos afro-brasileiros originais de Minas Gerais e cantados por descendentes de escravos, ainda hoje presentes em algumas manifestações populares de Minas e em alguns quilombos deste Estado.

O espetáculo se inspira nessa musicalidade para criar músicas próprias, além de recriar alguns vissungos originais durante o percurso da peça e os músicos acompanham público e atores em todo o trajeto.

Quem são os Crespos

Os Crespos é um coletivo teatral de pesquisa cênica e audiovisual, debates e intervenções públicas, composto por atrizes e atores negros. Formo-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em atividade desde 2005. A Cia. trabalha, há onze anos, a construção de um discurso poético que debata a sociabilidade do indivíduo negro na sociedade contemporânea e seus desdobramentos históricos, aliado a um projeto de formação de público. A Cia realizou, ao longo desses 12 anos, 6 espetáculos teatrais, 11 intervenções urbanas, 2 edições da Mostra Cinematográfica “Faz lá o Café”, a 1.a Mostra de Teatro Negro de São Paulo, os premiados curtas “D.O.R”, “Nego Tudo” e “Ser ou Não Ser”, a elaboração e publicação da revista de teatro negro "Legítima Defesa", além da circulação com espetáculos, intervenções e palestras por diversas cidades e estados do país.

Ficha Técnica

Direção Coletiva - Os Crespos Atores - Lucélia Sergio, Sidney Santiago Kuanza, Dani Nega, Dani Rocha, Joyce Barbosa e André Luis Patrício Orientação de direção - José Fernando de Azevedo e Kenia Dias Dramaturgia - Allan da Rosa e Os Crespos Direção Musical: Giovani Di

Ganzá Músicos: Gisah Silva e Giovani Di ganzá Musicas Criadas: Giovani Di ganzá e Lucelia Sergio Direção de Arte - Maya Mascarenhas Assistente de direção de arte - Gui Funari Cenotécnico - Wanderley Wagner da Silva Adereços - Cleydson Catarina Iluminador – Edu Luz Produção Executiva - Felipe Dias Contrarregras - Rogério Aparecido, Felipe Dias e Frederico Peixoto de Azevedo Orientação de criação e assistência de direção - Lena Roque Preparação Musical - Mauá Martins Preparação Corporal - James Turpin/ Lena Roque Preparação Teórica - Allan da Rosa, Saloma Salomão e Marc Pierre colaborações de Dramaturgia no processo - Christian Moura Assessoria de Imprensa - Lau Francisco (7 Fronteiras Comunicação) Designer Gráfico - Rodrigo Kenan Fotografia - Roniel Felipe

Serviço

24 de fevereiro, às 19h, Rua Saul Borges Carneiro, às 19h, zona leste de SP (no campo de futebol)

Dia 25 de fevereiro, às 19h, na Praça da Casa de Cultura M’Boi Mirim, Av. Inácio Dias da Silva, sem número, Piraporinha (em parceria com a Cia. Sansacroma)

Dia 03 de março – São Luis do Paraitinga, Praça Dr. Oswaldo Cruz, às 20h, seguido de debate

4 de março, às 18h – Franco da Rocha, Parque Municipal Benedito Bueno de Morais, Centro– Rua Nelson Rodrigues 400, Centro

6 de março Praça Sete Jovens, Rua Pedro Pomar-Eliza Maria, zona norte de São Paulo, às 19h (Em parceria com a Terça Afro com debate)

Dias 16 e 17 de março, na Praça Ramos, Centro de SP, às 20h na sexta e sábado Início nas Escadarias do Theatro Municipal.

Classificação etária: Livre

Espetáculo Gratuito

Duração: 75 min

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