Opinião Periférica desta vez, é com a jovem beatmaker, blogueira e agitadora cultural, Graciane Santos vulgo ThisGraci
Graciane vulgo ThisGraci nascida em Salvador, Bahia, vai se apresentar abaixo, mas preciso dizer que alem de beatmaker, ThisGraci é blogueira e agitadora cultural.
E nesta troca de ideia, ela vai falar sobre sua pessoa, seu lado profissional, atualidades do rap, e nos mostrar um pouco do seu gosto musical.
Ola Graciane, obrigado por aceitar o convite. Pra começar bacana, se apresente, que é a Graciane ?
R: Rapaz, essa pergunta é difícil hein... Graciane, digamos que é uma pessoa sonhadora, boa no que faz e que vai atrás do seu objetivo.
É uma pergunta bem clichê, mas eu amo..rsrs Como o rap entrou na sua vida ?
R: Quando eu estava na laje de casa, uma vizinha colocou Facção Central. Sim, muita gente começou ouvindo Racionais e eu contrariando essa estatística. A música era “Desculpa mãe”, e aquilo me tocou profundamente, ta ligado? Porque era uma realidade que eu via na minha favela transformada em música, achei surreal. Como ainda não tinha contato com a internet no meu dia a dia, eu ia ouvindo pelos meus amigos e assim foi.
Quando e como surgiu seu interesse em ser beatmaker ?
R: No ensino médio eu me aproximei de um colega que ouvia muito rap, quando a aproximação ficou maior, tipo de amigos e ele me falou que tinha um grupo de rap e me convidou para produzi-los artisticamente, porém eu nunca prestava atenção nas letras a muito tempo, a mania persiste até hoje, sempre que ouço uma música, presto atenção primeiramente no beat e depois volto a música e presto atenção na letra.
Enfim, nisso esse amigo foi procurar um beatmaker para produzir as faixas e eu fui junto, quando eu vi o trampo do beatmaker (Ramires Ax) eu fiquei fascinada e cheguei a pedi-lo para me ensinar, ai ele me enrolou e eu fui indo atrás de tutoriais (não tinha paciência de assistir tudo) e ia mexendo na curiosidade também, depois Ramires abriu um espaço na enorme agenda dele e me explicou melhor e segui.
Quem te inspira, como beatmaker ..?
R: Meus amigos, Ramires Ax, Robert Beats, Alemão, Nabuco, Felipe Calasans (Esse menino é muito foda).
E como Mc, quem você mais admira? e por que..?
R: Como Mc? Djonga e Baco.
Djonga: pelas linhas, por falar da realidade, ta ligado? Djonga tem o dom de simplicidade e verdade nas letras.
Baco: por trazer uma “linha nova” pra cena. Dificilmente você vai ouvir algum mc falar de Exu como ele fala, o disco ta ai, prova viva.
Fale sobre o Sintonia Rap, como surgiu a ideia, como vocês trabalham no site ?
R: Surgiu num rolê voltando da praia, eu e um mano sempre fomos ouvintes assíduos de rap, quando nesse rolê a ideia surgiu, pois vimos que o rap nordeste tem muito trabalho, conteúdo e pouca visibilidade, aí criamos. O nome foi até pela nossa Sintonia haha. Dia 26 de outubro faremos 1 ano, aos tropeços e vitórias, custou muito chegar até aqui mas chegamos forte, várias reformulações na equipe, hoje temos vários colaboradores, o trabalho expandiu, não só cobrimos o rap do nordeste mas o foco sempre será aqui. Spoiler de que 2018 é todo nosso com muito trabalho!!
Alem de ser beatmaker e editora chefe no site Sintonia Rap, você faz parte de um coletivo só de mulheres chamado "Viralata".
Conte para nós como surgiu este coletivo, e qual o intuito dele existir ?
R: Eu já tinha essa ideia a um tempinho, porém não tinha contato próximo de mulheres que faziam arte, quando conheci Elana (Beatmaker também) e ai as ideias bateram e decidimos, o intuito era coletivo de beatmaker porém a ideia mudou e construímos um diversificado.
O rap por causa do rapgame, views e entretenimento, perdeu um pouco seu lado poético.
Você acha que os Saraus e os Slams de poesia fazem um papel cultural que o rap não vem fazendo a um tempo ?
R: Cara, o que é rapgame? “Deve ser mais um videogame que eu não pude ter.” É tipo isso, rapgame pra mim é o rap se expandindo é as outras vertentes mostrando que existem, saca? Mas sim, Saraus e Slams estão fazendo um serviço enorme pra cultura.
Qual sua meta profissional e pessoal..?
R: Profissional? Levar meus beats até o ouvido de Cristo kkkk. Na real, quero que eles sejam escutados por várias referencias minhas, tipo Djonga.
Pessoal... É viver do meu profissional.
Como é a cena Hip Hop na Bahia? forte, fraca, como você descreveria..?
R: Bacana, bacana. Ta conseguindo ser bastante explorada na realidade, pelos produtores culturais, ditos né. Espero que melhore nesse quesito. Toda via, ta forte, várias batalhas, eventos, muita produção.
Depois de "Sulicidio", você acha que mudou algo no reconhecimento e respeito para com o rap do nordeste..?
R: Inevitavelmente, não deveria ter sido dessa maneira mas que teve reconhecimento, teve, respeito tamo longe de conquistar, mas seguimos.
Um tema que vem sendo mega debatido e comentado, é o embranquecimento do rap. Como você vê e analisa este embranquecimento do publico que consome o rap e de quem faz rap..?
R: O lance é fazer rap cara. Os brancos tem que saber que o rap é nosso, o rap é preto, simples. Mas que cada um faça o seu e pronto, sabendo disso eles façam, com respeito, claro.
A questão da solidão da mulher negra é algo inegável, o fator determinante para isto ocorrer é o só o relacionamento homem negro X mulher branca?
R: Não sou a devida pessoa que pode falar sobre isso, porém a solidão da mulher negra existe!
Na musica Negro Drama, o Brown diz: "Crime, futebol, musica... caraio eu não consegui fugir disto ai".
São 3 modos de que o negro busca em ganhar dinheiro, mas a pergunta é: Como fugir disto?
R: Não tem como fugir. Na música “Família” Saca só part Vandal, Pivete Nobre fala “Preto corre, arrisca a vida, mas não quer morrer pobre.” Acho que responde sua pergunta, né?
Aproveitando o hype, e o fato dele ser teu conterrâneo, o que você achou do álbum "Esú" do Baco..?
R: Necessário pra caralho o álbum, o tema foi muito necessário, está lindo, isso é incontestável.
O saudoso Antonio Abujamra, em seu programa "Provocações" na TV Cultura, terminava a entrevista com a seguinte pergunta: Teve alguma pergunta que eu não perguntei..? se teve qual a pergunta e qual a resposta..?
R: Creio que não, muito boa a entrevista, salve!!
Pedimos que a Graciane, indicasse 3 sons para ilustrar a entrevista, mas ela fez melhor e comentou suas indicações. Ouça e leia as indicações que é foda!
Esse som cita o meu bairro, feito por 16Beats, tenho quase certeza que a maioria dos mcs/rapper's de Salvador ouve esse cara e se inspira nele.
Sei nem o que falar sobre ele, ele é foda.
O clipe também foi feito aqui no bairro. O som fala por si só, escutem!
Esse aqui é um hino de Salcity, Salve Dark!!!!!
Não poderia ficar sem citar a minha maior referencia, o disco dele é a prova que se pode julgar o livro pela capa sahsah. Viajo em todas as músicas dele, porém essa eu prefiro só ouvir e viajar.
Deixe seu salve, mensagem para os leitores.
Salve galera, vamos trabalhar para o rap crescer, para o hip-hop expandir cada vez mais.
Fogo nos racistas, preconceituosos, nos lgbtfóbicos principalmente e também nos políticos.
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