DOCUMENTÁRIO: Sistema Carcerário e Racismo Institucional no Caso Rafael Braga - #LibertemRafaelBraga
Rafael Braga foi preso injustamente pelo sistema judicial racista e elitista desse país. Dirigido por Anarka, esse documentário explora os motivos institucionais e do sistema carcerário que privaram Rafael de sua liberdade.
A Luta pela libertação de Rafael vai muito além da injustiça penal brasileira, mas promove um debate profundo sobre o sistema e o racismo institucional que precisa acabar o quanto antes!
Assista agora o Documentário:
Palavras da Diretora:
Como mulher negra, eu sinto na pele todos os dias o medo de ter minha vida tirada. Simplesmente por ser. E esse medo me persegue porque o Estado me persegue. Nos persegue. Não só com a bala perdida – que tem sempre destino –, mas com um projeto político inteiro respaldado pela lei que nos marginaliza. Nos extermina. Nos sujeita a situações extremamente desumanas. 24 horas por dia. Para ser mais específica, a cada 23 minutos.
O caso do Rafael Braga Vieira, em especial, não só me revolta como também me desespera, porque através disso eu tive que engolir, de fato, que ser preto no Brasil é crime. Eu sempre soube disso, mas vendo o Rafael preso por absolutamente nada, isso escancara na minha cara de uma forma que faz com que eu me sinta de mãos atadas, apesar do quanto me movo e de tudo o que faço, dentro do meu alcance, para que isso acabe. E alvo. Eu me sinto, constantemente, um alvo. Eu decidi criar esse mini documentário porque ao mesmo tempo em que Rafael é único, um sujeito, como disse a Suzane no filme, ele não é. E isso precisa ser falado, gritado e mostrado, esfregado na cara de quem se omite frente a guerra não declarada que a gente vive. Todos os dias pessoas negras são presas. Todos os dias pessoas negras são arrastadas. Todos os dias pessoas negras são espancadas com cabo de enxada. Todos os dias pessoas negras são submetidas à uma violência praticada pelo governo – porque existem diversas.
Agradeço a todas as pessoas que me apoiaram e construíram isso comigo, especialmente a amiga Issa Paz.
O racismo institucional no nosso país, desde a era colonial, é um mecanismo genocida de controle populacional, baseado na hierarquia de raças, que utiliza das vias públicas para a legitimação de nossos corpos empilhados e da segregação social. Entre 2001 e 2007, 61,7% dos homicídios no Brasil são de pessoas negras cometidos pelas forças policiais. E isso não sou eu quem diz. É o mapa de violência de 2011. E, adivinha só, esse dado é consistente até os dias atuais. Ainda dentro das esferas públicas, 60% das pessoas que sofrem sem atendimento do SUS são negras – sendo esse percentual, em sua maioria, mulheres. Pessoas negras não têm direito a saúde. Na área da educação, a presença de negros no ensino médio ou universitário é escassa – como Rafael, que não terminou o ensino fundamental. E na área social, pessoas negras dominam as favelas – que têm policiais, mas não têm hospitais e educação. O racismo escarra na minha boca enquanto me beija, como disse Nátaly Neri. Em todos os sentidos. Individual, institucional, social, romântico (porque pessoas negras não são amadas, a menos que esse amor venha de outras pessoas negras). E eu só espero pelo dia em que tudo isso pare. Eu espero, não, eu luto por isso. Em cada passo meu, eu luto. E me recuso viver sob um regime que vende minha carne pelo preço mais barato do mercado.
Obs.: Esse material foi o meu primeiro como roteirista e diretora de filme. Eu nunca me imaginei idealizando e criando um documentário. E, para mim, tudo isso está além de um trabalho. Tem todas as minhas energias centradas. Todo o meu sentimento. Toda a minha atenção e dedicação.
Com muita luz e axé, Anarka
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Direção Geral e Roteiro: Anarka (@ibubex)
Filmagem e Edição: Issa Paz (@issapaz)
Trilha Sonora: Cypher Libertem Rafael Braga - WJ - LODK - JU DOROTEA - DVASTO55 - BAGA (PROD.TEDEN55)
e A Luta Continua - RAP Plus Size part Gabi Nyarai
DMNA
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