Festival Literário Nacional dedica programação ao hip-hop e Literatura Marginal
Encontro de Hip-Hop é destaque no V Flipoços
Escritores da Literatura Marginal, rappers, Djs e graffiteiros participam de evento voltado a cultura hip-hop em festival literário nacional
Poços de Caldas, MG – Por acreditar na transformação e na evolução por meio da literatura, a organização do V Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços) organiza, para o próximo dia 5 de maio, um dia voltado, exclusivamente, a cultura hip-hop.
Dentro da programação do festival que tenta abordar todos tipos de assuntos e atingir os mais diferentes públicos, a organizadora do evento, Gisele Corrêa Ferreira, enfatiza a necessidade de explorar mais a literatura marginal, que tem espaço garantido e maior a cada edição.
Neste ano, o evento traz representantes de todos os elementos do hip-hop e debates com personalidades da literatura.
Flyer do encontro
O início do debate será marcado por Alessandro Buzo, escritor e agitador cultural, autor de sete livros e organizador de quatro coletâneas com escritores de todos estados brasileiros, ele comenta a participação no Flipoços. “É muito bom ter o hip-hop em destaque num evento de literatura, no caso do Flipoços. Não é de hoje que o rap traz vários letristas importantes e aos poucos, nomes do hip-hop se lançam na literatura. A tendência é que cada vez mais essa parceria se consolide. Para mim, é uma honra ter sido convidado. Antes de tudo, sou escritor, mas minha ligação com o hip-hop é total, tanto que vou falar do meu livro mais recente, o Hip-Hop- Dentro do Movimento”, salienta.
Alessandro Buzo: escritor e agitador cultural dentro do movimento hip-hop
Não distante do que ele comenta, está o rapper, poeta e geógrafo Renan Inquérito, que participa do festival e conta que através da poesia se descobriu músico e hoje caminha entre as duas linhas. “Antes de ser rapper eu era poeta. Sempre gostei de brincar com as palavras e meu grupo, o Inquérito, traz nas letras e no contexto, uma forte ligação com a literatura marginal. Participar do evento significa expansão artística e profissional, além de representar reconhecimento por um trabalho de mais de 10 anos. Vida longa a Literatura Marginal”, conta, o rapper que no final de 2010 lançou o terceiro disco – Mudança – e que traz numa das faixas a canção Poucas Palavras, em homenagem aos escritores da Literatura Marginal.
Renan Inquérito: músico, poeta e geógrafo na programação do Flipoços
A programação traz também intervenção do Dj Mancha, poços-caldense que em 2010 passou a freqüentar saraus e descobriu o gosto pela leitura. “Foi através do hip-hop que percebi que poderia juntar literatura e música. Isso é fantástico. Eu tenho adorado”, diz.
Dj Mancha fala sobre a relação da literatura com a música e apresenta performance no evento
No graffiti, um dos elementos da cultura hip-hop, o convidado é Mundano, famoso pelo trabalho com os carroceiros do centro de São Paulo e por graffitis de contexto social, ele é bastante ligado ao movimento literário e imprime isso em suas obras, que já foram destaque em todo país e até fora dele.
Jéssica Balbino com graffiti de Mundano ao fundo
O escritor Sacolinha também vem ao evento e participa do debate, apresentando suas duas novas obras: Estação Terminal e Peripécias de Minha Infância. Bastante ligado ao hip-hop, o escritor foi um dos pioneiros da Literatura Marginal no Brasil.
Escritor Sacolinha, presente numa coletânea de textos lançada na França, é um dos destaques do festival
Para finalizar, o evento traz um pocket show do grupo poços-caldense UClanos, mesclando a arte com a literatura.
O encerramento da noite fica por conta da palestra máster com o rapper, escritor e ator MV Bill. Pela segunda vez na cidade, ele traz um debate sobre tráfico, racismo e escolas.
Para mediar os debates e também participar como escritora da Literatura Marginal e pesquisadora do hip-hop, a jornalista Jéssica Balbino é a convidada.
MV Bill vem pela segunda vez ao festival literário nacional
“Acho fundamental que um evento como o Flipoços, que só cresce, dê espaço ao hip-hop e a literatura. É mais do que provado que o hip-hop pode ser uma ferramenta educacional muito válida e acho que o evento tem introduzido essa ideia com muita propriedade”, destaca.
UClanos é um dos grupos convidados para pocket show no Flipoços
Já para a organização, essa é a oportunidade de atingir todos os públicos e cumprir o papel social e educacional do Flipoços. “Trata-se de uma literatura que está sendo mais respeita no Brasil e nosso intuito é quebrar o preconceito que às vezes existe sobre a Literatura Marginal. Existem pessoas maravilhosas fazendo um trabalho super profissional. Através da literatura e da cultura hip-hop, muitos jovens tem oportunidade de fazer alguma coisa produtiva e muitas vezes, esta é a chance de resgate que eles têm para serem cidadãos melhores e mais integrados na sociedade de forma digna”, pontua Gisele.
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