E você, o que acha do Hip Hop?
especial para o blog Japão Viela 17 - 20 anos de história
“Eu odeio hip hop. É música de preto, pobre e marginal”. Ouve-se, diariamente, tanto de quem está fora como de quem está dentro.A diferença entre cultura e tipo de música se limita pela ignorância e os elementos como DJ, MC, break, graffiti e conhecimento ficam renegados e taxados apenas de estilo de música, que alguns preferem não ouvir e achar ruim do que conhecer e adentrar num mundo fantástico.Deixo claro: se você reconhece o hip hop apenas como um estilo de música, pare de ler este texto. Aqui eu falo sobre cultura, sobre movimento, idealismo, vontade de mudança, elementos artísticos e mais um monte de coisas chatas, que só existem na periferia, como por exemplo os muros coloridos e graffitados, os sons ligados no último volume com um rap nacional entoando a realidade do local, e pessoas dançando pela rua, com passos esquisitos, calças largos e cabelos estranhos.Você não vai gostar. Continuar na frente da televisão é mais seguro do que adentrar no universo dos escritores marginais. Você pode saber que é infeliz. Pode perceber que o governo não lhe dá sequer o mínimo e que você tem que trabalhar quase meio ano, ganhando salário, para pagar impostos.Não dá para encarar a prosa ágil dos MCs e escritores dos guetos. Feche a porta pelo lado de fora.
Não se esqueça de apagar a luz ao sair. O povo do lado de cá da porta do barraco tem iluminação própria, acima da cabeça, com as ideias que não param de fluir, alimentadas pela barriga vazia.Tudo isso é muito para você. Os pretos, pobres e marginais estão criando as próprias regras e vai ser duro demais agüentar.Estamos em guerra: podemos te atingir pelas palavras proferidas ao microfone, embaladas pelas batidas de um DJ, nossos giros e passos sincopados podem te fazer quebrar o pescoço ou fundir a cabeça ao tentar acompanhar. As cores dos nossos graffitis podem lhe causar vertigem e tontura.As palavras dos nossos livros são duras demais e o nosso português incorreto pode te deixar com náuseas. Se você vomitar e passar mal, não temos posto de saúde e nem hospital. Plano de saúde é lenda. E a consciência de que nós, os pobres, pretos e marginalizados, estamos escrevendo enquanto você nos impedia de ler, pode lhe causar problemas de saúde irreversíveis.Dá medo ver crianças armadas com poemas, letras de rap e discos. É apavorante ver os novos quilombos cheios de gente disposta a mudar a realidade a sua volta.Fuja enquanto ainda é tempo. Os enlatados já vem prontos. Não exigem esforço para pensar.Mas, não tente nos enfiar goela abaixo. Gostamos de autenticidade. Queremos o futebol de várzea, o break natural do gueto, as letras feitas pelos próprios parceiros e a litera-rua que promove a (r ) evolução.Nós também fazemos ameaças: não tente nos calar. Somos o grito de um povo oprimido que se faz audível em todas as direções. Somos o hip hop, a união de movimento, arte, expressão, paz, amor, soluções, lutas e igualdade de direitos.Temos pena de você, que nos acredita apenas como música... Estamos muito além, mudando e crescendo a cada dia. É tudo nosso.
“Eu odeio hip hop. É música de preto, pobre e marginal”. Ouve-se, diariamente, tanto de quem está fora como de quem está dentro.A diferença entre cultura e tipo de música se limita pela ignorância e os elementos como DJ, MC, break, graffiti e conhecimento ficam renegados e taxados apenas de estilo de música, que alguns preferem não ouvir e achar ruim do que conhecer e adentrar num mundo fantástico.Deixo claro: se você reconhece o hip hop apenas como um estilo de música, pare de ler este texto. Aqui eu falo sobre cultura, sobre movimento, idealismo, vontade de mudança, elementos artísticos e mais um monte de coisas chatas, que só existem na periferia, como por exemplo os muros coloridos e graffitados, os sons ligados no último volume com um rap nacional entoando a realidade do local, e pessoas dançando pela rua, com passos esquisitos, calças largos e cabelos estranhos.Você não vai gostar. Continuar na frente da televisão é mais seguro do que adentrar no universo dos escritores marginais. Você pode saber que é infeliz. Pode perceber que o governo não lhe dá sequer o mínimo e que você tem que trabalhar quase meio ano, ganhando salário, para pagar impostos.Não dá para encarar a prosa ágil dos MCs e escritores dos guetos. Feche a porta pelo lado de fora.
Não se esqueça de apagar a luz ao sair. O povo do lado de cá da porta do barraco tem iluminação própria, acima da cabeça, com as ideias que não param de fluir, alimentadas pela barriga vazia.Tudo isso é muito para você. Os pretos, pobres e marginais estão criando as próprias regras e vai ser duro demais agüentar.Estamos em guerra: podemos te atingir pelas palavras proferidas ao microfone, embaladas pelas batidas de um DJ, nossos giros e passos sincopados podem te fazer quebrar o pescoço ou fundir a cabeça ao tentar acompanhar. As cores dos nossos graffitis podem lhe causar vertigem e tontura.As palavras dos nossos livros são duras demais e o nosso português incorreto pode te deixar com náuseas. Se você vomitar e passar mal, não temos posto de saúde e nem hospital. Plano de saúde é lenda. E a consciência de que nós, os pobres, pretos e marginalizados, estamos escrevendo enquanto você nos impedia de ler, pode lhe causar problemas de saúde irreversíveis.Dá medo ver crianças armadas com poemas, letras de rap e discos. É apavorante ver os novos quilombos cheios de gente disposta a mudar a realidade a sua volta.Fuja enquanto ainda é tempo. Os enlatados já vem prontos. Não exigem esforço para pensar.Mas, não tente nos enfiar goela abaixo. Gostamos de autenticidade. Queremos o futebol de várzea, o break natural do gueto, as letras feitas pelos próprios parceiros e a litera-rua que promove a (r ) evolução.Nós também fazemos ameaças: não tente nos calar. Somos o grito de um povo oprimido que se faz audível em todas as direções. Somos o hip hop, a união de movimento, arte, expressão, paz, amor, soluções, lutas e igualdade de direitos.Temos pena de você, que nos acredita apenas como música... Estamos muito além, mudando e crescendo a cada dia. É tudo nosso.
Otimo Texto jessica Parabens..!!
Obrigada por ter publicado aqui também !
ResponderExcluirbjo
Não gosto dessa cultura , pois de brasileira não tem NADA e só pessoas "humildes" que são hipócritas aderem a isso ...
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