Caipirinha Lounge- Entrevista CFKappa
"Tenho fé no futuro de Angola por saber que farei parte dele."
Tem apenas 17 anos mas já é um artista bastante aplaudido por quem conhece o hip-hop angolano. Admiro o seu amor pelo hip-hop, a sua inteligência, e o seu gosto pela escrita. Aqui vai a entrevista à uma das maiores promessas do hip-hop angolano, e quiça, lusófono.
*No fim da entrevista, façam download do som Graduação, meu som preferido deste artista até agora.
O hip-hop
O que te atrai no hip-hop?
A beleza das palavras, as inúmeras formas de as empregar e acima de tudo, o bem que ele faz à alma quando bem feito. A criatividade espantosa que certos MCS têm demonstrado também me impulsiona a procurar fazer o inédito ou quebrar recordes.
Como encaras o hip-hop em Angola e como descreves a sua evolução?
Na minha opinião, o Hip Hop em Angola é como o Hip Hop em qualquer outra parte do mundo. Com bons e maus rappers, com pessoas que se preocupam acima de tudo com a mensagem que vão passar nas letras e com outros com a imagem que vão passar para os ouvintes. É como tudo… O bom e o mau. O Hip Hop em Angola de facto sofreu alguma evolução considerável, não só no número de Mcs, mas também na qualidade dos instrumentais, creio que as músicas têm sido mais difundidas agora, e os órgãos de comunicação social têm prestado mais atenção ao Hip Hop nacional. Não acompanho o Hip Hop nacional a fundo há muito tempo mas creio que os B-Boys também evoluíram (apesar de ainda achar que não têm a atenção que realmente merecem, bem como o Graffiti). A sua evolução é positiva, vemos cada vez mais inovações e é disso que se espera… O inédito.
Como encaras o hip-hop no mundo lusófono em geral?
Na minha sincera opinião eu acho que se podia fazer mais por parte dos MCs, mas que apesar de tudo, é de louvar o trabalho que muitos Mcs estão por aí a fazer. Nota-se uma certa evolução por parte dos menos preguiçosos e uma persuasão à imitação por parte dos mais preguiçosos (que infelizmente não são poucos). Existem Mcs que procuram se superar, em diversos aspectos e felizmente têm sucesso nesse objectivo, e isso é de admirar. Quanto aos outros elementos do Hip Hop, eu não consigo responder com precisão. Por exemplo, conheço apenas cerca de 5 a 6 DJs de Hip Hop em Angola, conheço muito poucos graffwritters (se calhar os dedos da minha mão direita sirva para os contar), e pelo menos agora algum certo número de B-Boys, que também não são o suficiente mas que têm procurado fazer bem o seu trabalho. Não tive a oportunidade de conhecer B-Boys em Moçambique, conheci alguns Djs de Hip Hop (pelo menos parece que há mais por lá), Mcs não faltam, e também senti um bocado a ausência dos graffittis. Em Portugal creio existir mais, Djs, muitos Mcs, parece que o graffitti é mais notável também e não tenho informação sobre B-Boys. Quanto aos outros países, não posso comentar por falta de informações que possam vir a justificar a minha resposta.
Quais os rappers que mais te inspiram?
Kanye West, Azagaia, Ludacris, Asmall, Mukadaff e Valete
A tua idade tem sido um empecilho ou uma mais-valia?
A minha idade é só um número. Claro que devo admitir que algumas pessoas chegam a admirar o trabalho que faço por ser tão novo, mas para mim a idade é indiferente quando se há conteúdo positivo. Os anos passam e espero sinceramente evoluir com este tempo.
O que estudas, e porquê?
Engenharia de Telecomunicações. Foi a opção em que mais me identifiquei depois de ter sido “privado” de fazer medicina. Gosto do facto de poder criar e dos diversos ramos em que poderei me enquadrar estudando tal coisa.
Tens planos para uma carreira virada exclusivamente pelo hip-hop, ou tencionas acabar os estudos e ter uma carreira de “escritório”? Ou pensas encontrar um ponto de encontro entre as duas opções?
Não vou dizer que farei Hip Hop para sempre, mas que irei fazer enquanto ele não se sobrepor às minhas prioridades. Como prioridade pretendo ter a minha carreira como Engenheiro de Telecomunicações e, caso o Hip Hop não represente contraposição continuarei a fazer enquanto me sentir motivado e inspirado.
Já lançaste várias mixtapes...para quando o lançamento do teu primeiro álbum?
Prefiro ainda não citar datas… Mas podem esperá-lo a partir do segundo semestre do presente ano.
Qual é a música da tua autoria que mais gostas de ouvir?
Um milhão em Um (Com Janice Tiana) – Essa é do álbum…
Descreve-nos o CFKappa como artista.
Cfkappa como artista é um indivíduo que procura sempre inovar e levar de maneira diferente, boa música para aqueles que vão ouvir. Procuro angariar experiência sempre que posso e gosto de me auto-desafiar traçando metas por vezes exaustivas de se alcançar.
E como jovem?
Como jovem, diria um pouco diferente do que a tendência da contemporaneidade têm exigido, talvez por não gostar muito de ficar na rua a falar de motas, cervejas e frequentar discotecas em tenra idade, e sim preferir estar em casa, ler livros, ouvir e escrever músicas e estar sempre a tentar criar alguma coisa.
A cultura e a música
Falemos um pouco sobre cultura. Quais são para si os pontos fortes da cultura angolana?
Até agora, a música é o mais forte, pois tem-se feito arte para a benevolência e ainda (para os mais ambiciosos e visionários) se tem tirado proveito dela para viver. Isso quer dizer, que quando o artista consegue viver da arte que faz, há uma enorme valorização por parte de quem consome. Por outro lado, não se precisa viver da arte ou ganhar (materialmente) da mesma para ser consumido a larga escala por quem entende de música. Portanto, a música é sem dúvida o ponto mais forte da cultura angolana. Outro ponto forte, embora pouco valorizado é o artesanato. Os nossos artesãos fazem “magia” com as mãos produzindo obras lindíssimas que nunca passam por despercebidas aos olhos de quem vagueia, seja nacional ou estrangeiro. Portanto, considero estas duas vertentes como pontos mais fortes
O que mais o faz sentir-se orgulhoso de ser angolano?
As inúmeras identidades culturais. A cultura angolana, bem como os seus hábitos e costumes, é distinto, é único, e isso faz sentir especial. As nossas cobiçadas riquezas naturais faz-me sentir filho de um povo reconhecido e abençoado. Enfim, muita coisa me faz sentir-me orgulhoso de ser angolano.
Quais são os teus artistas lusófonos preferidos?
Azagaia
Bob da Rage Sense
Valete
X da Questão
Muralha
Kalibrados
Abdiel
Y-Not
Hernâni Mudanisse
Asmall
MV Bill
Conjunto Ngonguenha
MCK
Reptile
Valete and CFKappa
A literatura
És um dos mais novos integrantes da União dos Escritores Angolanos. Como surgiu a tua paixão pela literatura?
Ganhei o gosto pela escrita ainda muito novo, mas os meus escritos não eram tão cativantes, pela minha inexperiência, apesar de tudo. Após o primeiro livro que li – “Quem Me Dera Ser Onda” de Manuel Rui – ganhei forças para continuar a escrever e aperfeiçoar cada vez mais a minha habilidade na escrita.
Quais são as tuas principais influências literárias?
Sidney Sheldon, Dan Brown, Paulo Coelho e Manuel Rui Monteiro.
Quem é o teu autor preferido, e porquê?
Dan Brown. Este é um homem que na literatura considero impressionante pela coerência nos seus textos, capacidade de detalhar o que quer transmitir, de maneira que nos sintamos dentro do assunto. Ele transmite uma tensão enorme a quem lê o livro, de maneira que nunca queremos parar de ler para ver o que acontece a seguir. O seu vasto conhecimento de história e a maneira como ele relaciona às suas ficções nos obrigando a raciocinar e questionar as nossas ideias é incrível. Simplesmente amo os seus escritos.
Que tipo de livros tencionas escrever?
Atendendo à fraca aderência da juventude ao mundo da leitura, pretendo escrever livros que estimulem a todas as idades, mas acima de tudo aos jovens, que têm uma certa fobia a livros ou a literatura em si.
O que te inspira na literatura?
A capacidade que o escritor tem de representar em palavras, situações, estados e momentos que levam o bom leitor a se sentir inseridos nos mesmos, viver aquela mesma ansiedade descrita, desenhar mentalmente certas descrições tal como o autor pretendia explicar, etc.
A sociedade
O que achas dos valores e padrões morais da juventude angolana?
Acho que estes serão perdidos enquanto o número de jovens que se preocupam continuar a representar a minoria. Nada está perdido de todo, enfim, podem facilmente ser resgatados e preservados (para os que ainda não se perderam) com um pouco de empenho. Dar mais valor aos valores culturais é uma coisa muito importante. Muitos jovens mal sabem exactamente onde seus pais nasceram e quais as suas origens, bem como pelo menos o nome da língua que é falada na sua província de proveniência e coisas do género.
Como encaras a sociedade angolana em geral?
Encaro a sociedade angolana como uma sociedade com futuro evidente e promissor caso haja um pouco mais de dinamismo e autonomia por parte dos próprios cidadãos. Valorizar o que é mais importante, não perder a identidade cultural e acima de tudo investir na educação me parecem ser alguns dos passos fundamentais para se chegar à um “avanço” e “desenvolvimento” consideráveis.
Qual a sua opinião acerca do actual clima politico do país?
Lamentável…
Achas que os jovens angolanos deviam estar mais ligados a questões de cidadania e política?
De certa forma sim. Acho que a juventude tem realmente demonstrado inclinações à assuntos não tão importantes quanto aos que concernem de maneira mais directa à sua vida. Muitos jovens reclamam de certas decisões tomadas mas nunca vi sequer alguém escrever um artigo a protestar ou se fazer ouvir em lugares que não sejam numa roda de 5 pessoas em tom de voz reduzido para não ter problemas. Assuntos como a leitura, ética/cidadania e política deviam fazer parte das discussões, fóruns e interesses da juventude, pois de certa forma, os acaba afectando de uma maneira ou de outra e decidindo seu futuro.
Tens fé no futuro de Angola?
Tenho fé no futuro de Angola por saber que farei parte dele.
Queres partilhar connosco alguns dos teus sonhos, como artista e como homem?
Lançar o meu álbum, lançar inúmeras e bem aceites obras literárias, Formar-me, servir de exemplo para muita gente, ter equilíbrio na vida amorosa, profissional, familiar, financeira e psicológica. Também gostaria de realizar um grande show depois do meu álbum e enfim, ser bem sucedido em tudo o que eu fizer e projectar.
5 MCs que respeitas, em Angola ou no estrangeiro:
Keyta Maianda
Kool Klever
MCK
Lukeny Fortunato
Kennedy Ribeiro
5 artistas que ouves quase que diariamente:
Kanye West
Ludacris
James Blunt
Petro ou D’Agosto?
Petro
Prato angolano preferido?
Fúmbua (Acho que se escreve assim…)
Cidade preferida em Angola?
Lubango
Livro preferido?
Quem me dera ser onda… (Manuel Rui Monteiro)
Música preferida de todos os tempos?
Efectos Vocales (Nach)
Pensamento do dia:
”Rappers, transformem os vossos beefs em comida, enviem para o Haiti, pois há quem precisa”
Graduação
-Photos by Samurai
Tem apenas 17 anos mas já é um artista bastante aplaudido por quem conhece o hip-hop angolano. Admiro o seu amor pelo hip-hop, a sua inteligência, e o seu gosto pela escrita. Aqui vai a entrevista à uma das maiores promessas do hip-hop angolano, e quiça, lusófono.
*No fim da entrevista, façam download do som Graduação, meu som preferido deste artista até agora.
O hip-hop
O que te atrai no hip-hop?
A beleza das palavras, as inúmeras formas de as empregar e acima de tudo, o bem que ele faz à alma quando bem feito. A criatividade espantosa que certos MCS têm demonstrado também me impulsiona a procurar fazer o inédito ou quebrar recordes.
Como encaras o hip-hop em Angola e como descreves a sua evolução?
Na minha opinião, o Hip Hop em Angola é como o Hip Hop em qualquer outra parte do mundo. Com bons e maus rappers, com pessoas que se preocupam acima de tudo com a mensagem que vão passar nas letras e com outros com a imagem que vão passar para os ouvintes. É como tudo… O bom e o mau. O Hip Hop em Angola de facto sofreu alguma evolução considerável, não só no número de Mcs, mas também na qualidade dos instrumentais, creio que as músicas têm sido mais difundidas agora, e os órgãos de comunicação social têm prestado mais atenção ao Hip Hop nacional. Não acompanho o Hip Hop nacional a fundo há muito tempo mas creio que os B-Boys também evoluíram (apesar de ainda achar que não têm a atenção que realmente merecem, bem como o Graffiti). A sua evolução é positiva, vemos cada vez mais inovações e é disso que se espera… O inédito.
Como encaras o hip-hop no mundo lusófono em geral?
Na minha sincera opinião eu acho que se podia fazer mais por parte dos MCs, mas que apesar de tudo, é de louvar o trabalho que muitos Mcs estão por aí a fazer. Nota-se uma certa evolução por parte dos menos preguiçosos e uma persuasão à imitação por parte dos mais preguiçosos (que infelizmente não são poucos). Existem Mcs que procuram se superar, em diversos aspectos e felizmente têm sucesso nesse objectivo, e isso é de admirar. Quanto aos outros elementos do Hip Hop, eu não consigo responder com precisão. Por exemplo, conheço apenas cerca de 5 a 6 DJs de Hip Hop em Angola, conheço muito poucos graffwritters (se calhar os dedos da minha mão direita sirva para os contar), e pelo menos agora algum certo número de B-Boys, que também não são o suficiente mas que têm procurado fazer bem o seu trabalho. Não tive a oportunidade de conhecer B-Boys em Moçambique, conheci alguns Djs de Hip Hop (pelo menos parece que há mais por lá), Mcs não faltam, e também senti um bocado a ausência dos graffittis. Em Portugal creio existir mais, Djs, muitos Mcs, parece que o graffitti é mais notável também e não tenho informação sobre B-Boys. Quanto aos outros países, não posso comentar por falta de informações que possam vir a justificar a minha resposta.
Quais os rappers que mais te inspiram?
Kanye West, Azagaia, Ludacris, Asmall, Mukadaff e Valete
A tua idade tem sido um empecilho ou uma mais-valia?
A minha idade é só um número. Claro que devo admitir que algumas pessoas chegam a admirar o trabalho que faço por ser tão novo, mas para mim a idade é indiferente quando se há conteúdo positivo. Os anos passam e espero sinceramente evoluir com este tempo.
O que estudas, e porquê?
Engenharia de Telecomunicações. Foi a opção em que mais me identifiquei depois de ter sido “privado” de fazer medicina. Gosto do facto de poder criar e dos diversos ramos em que poderei me enquadrar estudando tal coisa.
Tens planos para uma carreira virada exclusivamente pelo hip-hop, ou tencionas acabar os estudos e ter uma carreira de “escritório”? Ou pensas encontrar um ponto de encontro entre as duas opções?
Não vou dizer que farei Hip Hop para sempre, mas que irei fazer enquanto ele não se sobrepor às minhas prioridades. Como prioridade pretendo ter a minha carreira como Engenheiro de Telecomunicações e, caso o Hip Hop não represente contraposição continuarei a fazer enquanto me sentir motivado e inspirado.
Já lançaste várias mixtapes...para quando o lançamento do teu primeiro álbum?
Prefiro ainda não citar datas… Mas podem esperá-lo a partir do segundo semestre do presente ano.
Qual é a música da tua autoria que mais gostas de ouvir?
Um milhão em Um (Com Janice Tiana) – Essa é do álbum…
Descreve-nos o CFKappa como artista.
Cfkappa como artista é um indivíduo que procura sempre inovar e levar de maneira diferente, boa música para aqueles que vão ouvir. Procuro angariar experiência sempre que posso e gosto de me auto-desafiar traçando metas por vezes exaustivas de se alcançar.
E como jovem?
Como jovem, diria um pouco diferente do que a tendência da contemporaneidade têm exigido, talvez por não gostar muito de ficar na rua a falar de motas, cervejas e frequentar discotecas em tenra idade, e sim preferir estar em casa, ler livros, ouvir e escrever músicas e estar sempre a tentar criar alguma coisa.
A cultura e a música
Falemos um pouco sobre cultura. Quais são para si os pontos fortes da cultura angolana?
Até agora, a música é o mais forte, pois tem-se feito arte para a benevolência e ainda (para os mais ambiciosos e visionários) se tem tirado proveito dela para viver. Isso quer dizer, que quando o artista consegue viver da arte que faz, há uma enorme valorização por parte de quem consome. Por outro lado, não se precisa viver da arte ou ganhar (materialmente) da mesma para ser consumido a larga escala por quem entende de música. Portanto, a música é sem dúvida o ponto mais forte da cultura angolana. Outro ponto forte, embora pouco valorizado é o artesanato. Os nossos artesãos fazem “magia” com as mãos produzindo obras lindíssimas que nunca passam por despercebidas aos olhos de quem vagueia, seja nacional ou estrangeiro. Portanto, considero estas duas vertentes como pontos mais fortes
O que mais o faz sentir-se orgulhoso de ser angolano?
As inúmeras identidades culturais. A cultura angolana, bem como os seus hábitos e costumes, é distinto, é único, e isso faz sentir especial. As nossas cobiçadas riquezas naturais faz-me sentir filho de um povo reconhecido e abençoado. Enfim, muita coisa me faz sentir-me orgulhoso de ser angolano.
Quais são os teus artistas lusófonos preferidos?
Azagaia
Bob da Rage Sense
Valete
X da Questão
Muralha
Kalibrados
Abdiel
Y-Not
Hernâni Mudanisse
Asmall
MV Bill
Conjunto Ngonguenha
MCK
Reptile
Valete and CFKappa
A literatura
És um dos mais novos integrantes da União dos Escritores Angolanos. Como surgiu a tua paixão pela literatura?
Ganhei o gosto pela escrita ainda muito novo, mas os meus escritos não eram tão cativantes, pela minha inexperiência, apesar de tudo. Após o primeiro livro que li – “Quem Me Dera Ser Onda” de Manuel Rui – ganhei forças para continuar a escrever e aperfeiçoar cada vez mais a minha habilidade na escrita.
Quais são as tuas principais influências literárias?
Sidney Sheldon, Dan Brown, Paulo Coelho e Manuel Rui Monteiro.
Quem é o teu autor preferido, e porquê?
Dan Brown. Este é um homem que na literatura considero impressionante pela coerência nos seus textos, capacidade de detalhar o que quer transmitir, de maneira que nos sintamos dentro do assunto. Ele transmite uma tensão enorme a quem lê o livro, de maneira que nunca queremos parar de ler para ver o que acontece a seguir. O seu vasto conhecimento de história e a maneira como ele relaciona às suas ficções nos obrigando a raciocinar e questionar as nossas ideias é incrível. Simplesmente amo os seus escritos.
Que tipo de livros tencionas escrever?
Atendendo à fraca aderência da juventude ao mundo da leitura, pretendo escrever livros que estimulem a todas as idades, mas acima de tudo aos jovens, que têm uma certa fobia a livros ou a literatura em si.
O que te inspira na literatura?
A capacidade que o escritor tem de representar em palavras, situações, estados e momentos que levam o bom leitor a se sentir inseridos nos mesmos, viver aquela mesma ansiedade descrita, desenhar mentalmente certas descrições tal como o autor pretendia explicar, etc.
A sociedade
O que achas dos valores e padrões morais da juventude angolana?
Acho que estes serão perdidos enquanto o número de jovens que se preocupam continuar a representar a minoria. Nada está perdido de todo, enfim, podem facilmente ser resgatados e preservados (para os que ainda não se perderam) com um pouco de empenho. Dar mais valor aos valores culturais é uma coisa muito importante. Muitos jovens mal sabem exactamente onde seus pais nasceram e quais as suas origens, bem como pelo menos o nome da língua que é falada na sua província de proveniência e coisas do género.
Como encaras a sociedade angolana em geral?
Encaro a sociedade angolana como uma sociedade com futuro evidente e promissor caso haja um pouco mais de dinamismo e autonomia por parte dos próprios cidadãos. Valorizar o que é mais importante, não perder a identidade cultural e acima de tudo investir na educação me parecem ser alguns dos passos fundamentais para se chegar à um “avanço” e “desenvolvimento” consideráveis.
Qual a sua opinião acerca do actual clima politico do país?
Lamentável…
Achas que os jovens angolanos deviam estar mais ligados a questões de cidadania e política?
De certa forma sim. Acho que a juventude tem realmente demonstrado inclinações à assuntos não tão importantes quanto aos que concernem de maneira mais directa à sua vida. Muitos jovens reclamam de certas decisões tomadas mas nunca vi sequer alguém escrever um artigo a protestar ou se fazer ouvir em lugares que não sejam numa roda de 5 pessoas em tom de voz reduzido para não ter problemas. Assuntos como a leitura, ética/cidadania e política deviam fazer parte das discussões, fóruns e interesses da juventude, pois de certa forma, os acaba afectando de uma maneira ou de outra e decidindo seu futuro.
Tens fé no futuro de Angola?
Tenho fé no futuro de Angola por saber que farei parte dele.
Queres partilhar connosco alguns dos teus sonhos, como artista e como homem?
Lançar o meu álbum, lançar inúmeras e bem aceites obras literárias, Formar-me, servir de exemplo para muita gente, ter equilíbrio na vida amorosa, profissional, familiar, financeira e psicológica. Também gostaria de realizar um grande show depois do meu álbum e enfim, ser bem sucedido em tudo o que eu fizer e projectar.
5 MCs que respeitas, em Angola ou no estrangeiro:
Keyta Maianda
Kool Klever
MCK
Lukeny Fortunato
Kennedy Ribeiro
5 artistas que ouves quase que diariamente:
Kanye West
Ludacris
James Blunt
Petro ou D’Agosto?
Petro
Prato angolano preferido?
Fúmbua (Acho que se escreve assim…)
Cidade preferida em Angola?
Lubango
Livro preferido?
Quem me dera ser onda… (Manuel Rui Monteiro)
Música preferida de todos os tempos?
Efectos Vocales (Nach)
Pensamento do dia:
”Rappers, transformem os vossos beefs em comida, enviem para o Haiti, pois há quem precisa”
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