MV Bill fala sobre a visita que fez ao Haiti.
Devastado por um terremoto de magnitude 7 na última terça-feira (12), o Haiti já vivia uma realidade difícil e “trágica” muito antes da catástrofe. É o que conta o rapper carioca MV Bill, que, em março de 2009, visitou o país por uma semana para acompanhar o trabalho do Exército brasileiro junto à população local.
O músico viajou em companhia de Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa-RJ) e ficou hospedado na base do BraBat (Brazilian Battalion), local que abriga o contingente militar brasileiro na capital Porto Príncipe.
O músico viajou em companhia de Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa-RJ) e ficou hospedado na base do BraBat (Brazilian Battalion), local que abriga o contingente militar brasileiro na capital Porto Príncipe.
Rapper carioca MV Bill no Haiti em 2009 (Foto: Celso Athayde/Arquivo Pessoal)
As casas lá não têm banheiro. Não existe rede de esgotos nem coleta de lixo. Isso já provoca um grande caos"
“Visitei desde quadras de basquete de rua até abrigos para pessoas carentes. As casas lá não têm banheiro. Não existe rede de esgotos nem coleta de lixo. Isso já provoca um grande caos. E, apesar da grande comoção por conta do terremoto, o cenário antes da catástrofe já era trágico. Há quase um ano parecia que um outro terremoto gigante já havia passado por lá”, conta.
Bill relembra que, dentre os locais visitados na capital, dois deles o deixaram particularmente impressionado. "Fomos até uma espécie de camelódromo, um lugar conhecido como 'Cozinha do Inferno'. Como as pessoas não têm dinheiro, fazem trocas em espécie. Vi gente trocando carvão por peixe. Na Cité de Dieu (Cidade de Deus, em francês), as paredes das casas são marcadas com buracos de tiros e as pessoas fazem suas necessidades da rua. Dava arrepios", lamenta o rapper, lembrando do lugar homônimo onde foi criado, no Rio de Janeiro.
Bill relembra que, dentre os locais visitados na capital, dois deles o deixaram particularmente impressionado. "Fomos até uma espécie de camelódromo, um lugar conhecido como 'Cozinha do Inferno'. Como as pessoas não têm dinheiro, fazem trocas em espécie. Vi gente trocando carvão por peixe. Na Cité de Dieu (Cidade de Deus, em francês), as paredes das casas são marcadas com buracos de tiros e as pessoas fazem suas necessidades da rua. Dava arrepios", lamenta o rapper, lembrando do lugar homônimo onde foi criado, no Rio de Janeiro.
Na Cité de Dieu (Cidade de Deus, em francês), as paredes das casas são marcadas com buracos de tiros e as pessoas fazem suas necessidades da rua. Dava arrepios
Rapper carioca MV Bill no Haiti no ano passado (Foto: Celso Athayde/Arquivo Pessoal)
Militares brasileiros
Durante sua estada, MV Bill também teve a oportunidade de acompanhar de perto o dia a dia dos soldados brasileiros no Haiti, já que o Brasil comanda uma missão de paz da Organização das Nações Unidas no país (segundo o Comando do Exército, o número de militares mortos por causa do terremoto já chega a 14).
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Não imaginava que fosse encontrar soldados asfaltando ruas, cavando poços em busca de água potável ou distribuindo alimentos. Eles têm um sentimento humanitário que me impressionou"
"Foi surpreendente. Não imaginava que fosse encontrar soldados asfaltando ruas, cavando poços em busca de água potável ou distribuindo alimentos. Eles têm um sentimento humanitário que me impressionou. Até cedem espaços dentro do quartel para que jovens haitianos possam trabalhar, começar a ter uma renda e aprender português. Acho que merecem respeito e congratulações pelo trabalho que vêm fazendo no Haiti", afirmou o músico, que descreveu como "pacífica" a convivência entre brasileiros e a população local.
"Existe uma grau de interatividade muito grande. Tive a oportunidade de conversar com a população em separado dos soldados, para que não houvesse nenhum tipo de intimidação, e os haitianos se referiam aos soldados brasileiros como 'sangue bom', em um termo em francês", destacou.
"Existe uma grau de interatividade muito grande. Tive a oportunidade de conversar com a população em separado dos soldados, para que não houvesse nenhum tipo de intimidação, e os haitianos se referiam aos soldados brasileiros como 'sangue bom', em um termo em francês", destacou.
Semelhanças com o Brasil
Diante do que viu durante a viagem, MV Bill explica que as comparações com a realidade brasileira são inevitáveis.
"Lá, a organização das cidades é contrária ao que temos aqui. Os mais pobres moram na parte aterrada da ilha, na beira do mar. Os ricos moram na colina, nos morros. Lembando que o Haiti fica no Caribe, você pode imaginar aquele mar cristalino contrastando com a sujeira do litoral", afirmou.
Entre as semelhanças com o Brasil, o cantor listou a descendência africana, a adoração pelo futebol, a esperança e a alegria do povo. "Assim como o brasileiro, os haitianos podem passar por todo o sofrimento do mundo, mas ainda assim mantêm um sorriso no rosto".
Atenção internacional
O músico acredita que os estragos no país poderiam ter sido minimizados se as atenções do mundo tivessem se voltado para a ilha há mais tempo.
"Pelo que estou acompanhando pela mídia, principalmente pela internet, o país deve estar um verdadeiro caos. Mas, na minha opinião, uma tragédia gradativa já estava aconecendo. Foi preciso um número incalculável de vidas perdidas, incluindo as de brasileiros, para que o Haiti entrasse na pauta de discussão mundial. A situação do país, há pelo menos um ano, já pedia por isso".
"Pelo que estou acompanhando pela mídia, principalmente pela internet, o país deve estar um verdadeiro caos. Mas, na minha opinião, uma tragédia gradativa já estava aconecendo. Foi preciso um número incalculável de vidas perdidas, incluindo as de brasileiros, para que o Haiti entrasse na pauta de discussão mundial. A situação do país, há pelo menos um ano, já pedia por isso".
BY G1
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