No hip hop,o break se expandiu primeiro
A dança se projetou no Recife antes da
propagação das bandas de rap, dos DJs e da popularização do grafite
Júlio Cavani // Diario
Dos quatro elementos primordiais da cultura hip hop, a dança foi a primeira se expandir no Recife, antes das bandas de rap, dos DJs e da popularização do grafite.
Abstract Style, liderado por Edson B-Boy Boca, tem oito integrantes e busca valorizar as técnicas e passos originais. Foto: Helder Tavares/DP/D.A. Press |
"O break explodiu antes de ser relacionado ao hip hop", pondera Spider, que viu a dança se transformar em moda no Brasil com o sucesso de Michael Jackson e de filmes como Flashdance e Breakdance. Antes do rap, os dançarinos já vinham de uma linhagem originada nos bailes black de funk dos anos 70. Segundo ele, a consciência sobre a ligação com o hip hop só veio depois de Beat street e mesmo assim se manteve paralela ao que se via na grande mídia, seja no Fantástico ou em programas de auditório (do Cassino do Chacrinha ao Clube da Criança). A cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Los Angeles, em 1982, foi outro impulso para a fama dos "b-boys", como são chamados os dançarinos, cujos grupos recebem o nome de crew.
Spider lembra de Chico Science e Zé Brown entre os b-boys dos anos 80. Foto: Arquivo Pessoal |
Os primeiros grupos de Spider foram The Brothers of the Breakers e depois o Rock Master Crew, que tinham origem em Camaragibe. Em Prazeres (Jaboatão dos Guararapes), existia também a equipe The Dragons, que tinha entre os integrantes o b-boy Peu, até hoje envolvido com o hip hop. Ao longo da década, estes e outros crews surgiram e se desenvolveram, servindo como sustento para seus integrantes, a maioria deles moradores de bairros da periferia, que também passaram a dar aulas em academias de ginástica da classe média.
"Foi a dança que colocou a gente no meio disso tudo. Os primeiros DJs, grafiteiros e MCs começaram dançando", esclarece Spider, que cita Jorge du Peixe, Chico Science, Tiger e Zé Brown entre os b-boys da época. "O sentimento de identificação era grande. A comunicação se fazia de jovens para jovens. Era arte pela arte. Só depois, com o surgimento de grupos como Public Enemy, é que começaram os discursos sociais."
Fonte: Diário de Pernambuco
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